4 de setembro de 2009

OS TEMPLÁRIOS IV

Ainda falaremos da história dos papas. Reconheço que é um pouco cansativo, mas é importante para entenderem o contexto da história... Além do mais, nunca é demais conhecer a história!

Após Bento III ter estreado a famigerada “cadeira papal” para ganhar o direito de usar a Mitra, começou o processo de fortificação de Roma por conta da ameaça dos muçulmanos. Bento III enfrentou vários problemas internos na Igreja, que culminaram com a eleição do antipapa Anastácio III durante alguns meses, quando a população de Roma tirou o concorrente do trono e recolocou Bento III no poder. Seu conturbado papado durou apenas alguns meses, tendo sido “esticado” oficialmente quando suprimiram a papisa Joana das fontes oficiais.

Nicolau I foi papa de 858 a 867 e seu governo foi marcado por conflitos com a dinastia dos Carolíngios (a dinastia que sucedeu os Merovíngios no sul da França – falarei mais sobre eles nas próximas colunas), em especial o imperador Lotário II.

O papa Adriano II (867-872) tentou novas reconciliações com os cristãos do sul da França, sem sucesso. O papa João VIII sofreu finalmente o ataque dos muçulmanos, que enfrentaram as forças italianas no sul do país. Durante seu papado, o sul da Itália passou por maus bocados nas mãos dos muçulmanos.

A partir de 872, as disputas internas pelo poder em Roma tornaram-se extremamente acirradas. Tanto João VIII (envenenado) quanto Marinho I (envenenado), Adriano III (esfaqueado, talvez porque não quis tomar o veneno…), Estevão VI (estrangulado), Formoso I (circunstâncias misteriosas) e Bonifácio VI foram assassinados em menos de 12 anos, devido a disputas internas pelo poder do papado.


Não contente em matar seu antecessor, Estevão VII também resolveu sacanear Formoso I, seu inimigo pessoal, convocando o que ficou conhecido como o “Sínodo do cadáver”.
O Sínodo do cadáver, também conhecido como Julgamento do Cadáver ou ainda, em latim Synodus Horrenda é o nome pelo qual ficou conhecido o episódio do julgamento póstumo do papa Formoso que se deu na basílica de São João de Latrão em janeiro de 897.

À presença de Lamberto de Espoleto (governador de Roma) e da imperatriz-mãe, rodeados de eclesiásticos, foi trazido o cadáver mumificado de Formoso, retirado sacrílegamente de seu ataúde. Foi o corpo assentado num trono e acusado do grande crime de haver aceito ser Papa (os Papas são Bispos de Roma), quando já era Bispo de Porto. Intimado a se defender, e logicamente nada respondendo, foi o morto julgado criminoso, despojado das insígnias pontificais; cortaram-lhe os dedos da destra que abençoara as multidões; o corpo foi depois atirado ao rio Tibre.

Estêvão VII, aliás, acabou seus dias aprisionado por seus ex-amigos e estrangulado, para variar. O papa Romano I o substituiu: inimigo mortal de Estêvão VII, o primeiro ato que fez ao chegar no pontificado foi mandar encontrar o cadáver de Formoso e erigir um magnífico mausoléu para ele, redimindo-o de todas as “injustas acusações” feitas por seu antecessor. Alguém imagina como Romano I morreu? Certo, envenenado em novembro de 879 e foi substituído pelo papa Teodoro II, cujo papado durou apenas vinte dias… alguém quer chutar a causa de sua morte? A partir de Teodoro II, a situação em Roma estava complicada para o pontificado.

Cada vez que um papa morria, seus opositores saqueavam suas riquezas e atacavam a memória do papa e dos aliados anteriores. Também a corrupção generalizada e a venda de indulgências estavam causando muitos problemas para a Igreja.

Bento IV reinou de 900 a 903 e, além destes problemas, ainda teve de enfrentar os húngaros no norte da Itália e os muçulmanos no sul. O papa Leão V o substituiu mas foi encontrado morto em circunstâncias misteriosas menos de 5 meses após sua posse.

Foi substituído em 904 por Sérgio III, cujos historiadores da época o acusam de ter envenenado Leão V. Com Sérgio III começa o período conhecido como Pornocracia (do grego porne, prostituta e kratein, governo) que foi um período na história do Papado que se estendeu da primeira metade do século X, com a instalação do Papa Sérgio III em 904 por sessenta anos, e terminou após a morte do Papa João XII em 963.

Sérgio III possuía o apoio do Imperador Teofilacto, que era casado com uma mulher chamada Teodora (não confundir com a outra Teodora de Constantinopla) e tinha uma filha chamada Marosia. Marosia é gente que faz.

A belíssima Marosia começou sua carreira política aos quinze anos, quando tornou-se amante do papa Sérgio III (com 45 anos, na época). Mais tarde, quando completou 19 anos, casou-se com o nobre Alberico I de Espoleto (em 909). Marosia teve um filho com o papa em 910, chamado Alexandre de Tusculum (que nós conheceremos daqui a pouco com o titulo de papa João XI).

Sérgio III governou até 911, quando foi encontrado morto em circunstâncias misteriosas e foi substituído por Anastácio III, cujo papado durou dois anos e também foi encerrado por um assassinato. Lando I permaneceu seis meses no papado e também foi envenenado.O papa João X, que substituiu Lando, era amante de Teodora (a mãe de Marosia) e foi considerado um papa enérgico.

O maior problema enfrentado pelos italianos nesse período foi os ataques muçulmanos, que continuavam tocando o terror no sul da Itália. No período de seu papado, os árabes destruíram os grandes mosteiros de Subiaco e de Farfa, além de assaltarem os peregrinos que iam a Roma, vendendo-os como escravos. De saco cheio dos cabeças de turbante, João X organizou uma coalizão de ducados e, auxiliado pela esquadra bizantina, expulsou os infiéis do sul da Itália.

O ambicioso Alberico I, marido de Marosia, que comandara as tropas da coalizão, por influência de sua esposa, comandou uma revolução para tomar o controle de Roma, na qual morreu combatendo em 924. Marosia se torna amante de João X, mas este se recusa a ceder aos seus comandos, tratando-a apenas como mais uma de suas concubinas.


Irritada, Marosia casou-se, então, com Guido de Túscia, com cujas tropas atacou Roma, fez trucidar o comandante pontifício, Pedro (o irmão de João), diante dos olhos do pontífice. Em seguida, mandou prender João X e torturá-lo durante um ano, até que este veio a falecer.

Marosia escolhe, então, um de seus amantes, Leão VI, como novo papa (enquanto o papa ainda estava vivo e sendo torturado na prisão). Leão VI dura exatos sete meses no papado, sendo assassinado por aliados de João X. Estêvão VIII foi colocado no lugar de Leão VI e governou sob o controle de Marosia durante dois anos e dois meses, quando foi assassinado. Em 931, Marosia decidiu colocar seu próprio filho, Alexandre de Tusculum, como papa João XI, na época com cerca de 21 anos, no poder papal.

Quando o segundo marido de Marosia faleceu em 929, Marosia negociou um casamento com o meio-irmão de Guido, Hugo de Arles, autoproclamado Rei da Itália, para continuar no poder, mas Alberico II, filho de Alberico I e legítimo sucessor do trono, irritou-se com a tentativa de traição da mãe e depôs os dois picaretas, aprisionando-a em um castelo por cerca de 8 anos, até sua morte em 937 (Hugo conseguiu escapar da cidade antes de ser preso).

Por influência de Alberico II, o próximo papa, Leão VII, foi escolhido entre os monges beneditinos. Para apaziguar a iminente guerra entre Alberico II e Hugo, ele consegue uma aliança que culmina no casamento de Alberico II com Alda, filha de Hugo. Seu papado ficou conhecido pela perseguição aos judeus e também aos bruxos, cabalistas e adivinhos, que eram expulsos das terras cristãs.
(continua)

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