5 de outubro de 2009

CONSCIÊNCIA E MEIOS DE COMUNICAÇÃO III


Mas há muitas formas de comunicação que não dependem inteiramente de nós, formas usadas por outras pessoas que desejam se comunicar conosco, e que não requerem nenhum crescimento de nossa parte, comunicações que se apresentam à nossa consciência normal no corpo físico, e que são mais ou menos rodeadas de dificuldade e perigo por causa do emprego de forças que não são usadas normalmente no plano físico pela pessoa que origina a comunicação.

A este tipo de comunicação é que nos voltaremos a seguir, assinalando apenas que é somente nossa falta de desenvolvimento que torna necessário o emprego destes recursos, forçando Seres mais altamente evoluídos a descer ao nosso nível porque não seríamos capazes de nos elevar até o d'Eles.

Pode ser tomado como regra geral que nenhum Ser atuando em planos superiores despenderá a energia necessária para manifestar-Se fisicamente em um local distante de onde está Seu corpo físico, se Ele puder fazer o trabalho que precisa completar sem tal manifestação. Ele usará sempre a menor quantidade de poder necessária para alcançar o objetivo a que Se propôs; Ele usará o caminho mais simples, usará o método mais simples; se a pessoa com quem Ele deseja Se comunicar tiver seus corpos superiores organizados a ponto de ser capaz de receber comunicações dos planos sutis, então é mais certo que Ele não gastará a energia necessária para aparecer no físico.

Mesmo assim às vezes isso é necessário, e antigamente era usual para um Mestre ensinar no plano físico enquanto Seu corpo físico estava muito longe do local onde o ensino havia de ser dado. Nestes casos surgia, e surge, a questão: "Qual é o melhor método de comunicação?"

Os Antigos respondiam esta pergunta de um modo simples e definido. Eles diziam, com verdade, que o melhor método de comunicação era usar um corpo puro e cuidadosamente treinado e guardado, com o sistema nervoso altamente organizado, de onde o possuidor pudesse facilmente sair, ou ser deslocado, deixando seu corpo como um tabernáculo vazio onde o Mestre - cujo corpo físico estava longe - pudesse entrar e usar como se fora Seu. Um corpo destes seria como uma veste bem feita de onde o possuidor pudesse deslizar para fora, deixando-a para ser assumida e usada por outrem.

Se um corpo há de ser usado desta forma é necessário que ele seja guardado com um cuidado escrupuloso; o ambiente deve ser belo e pacífico, não se devem permitir vibrações grosseiras ou excitantes perturbar a atmosfera; não se deve permitir que pessoas grosseiras ou impuras se aproximem dele; sua dieta deve ser não-estimulante, nutritiva e livre de produtos que sofram fermentação ou decomposição, e uma cultura física cuidadosa deve preservá-lo em boa saúde.

Nos antigos Templos (como o Templo de Delfo, com as virgens do Oráculo de Delfos)), governados por pessoas que eram Iniciadas nos Mistérios maiores ou menores, encontrava-se tais corpos - os das Virgens Vestais, ou das Sibilas. Estas Virgens eram originalmente meninas criadas com extremo cuidado dentro dos recintos do Templo, e permitia-se que entrassem em contato apenas com pessoas puras e nobres, e tais Virgens eram escolhidas como o instrumento de comunicação.


Sentadas em um banco ou cadeira isolados do magnetismo da Terra, a menina deixava seu corpo - se treinada como fazê-lo - ou seria lançada em um transe; então um Mestre, ou um alto Iniciado, tomava posse do corpo, e através dele ensinava os discípulos reunidos para instrução. Este foi o método favorito de ensino entre os Antigos, e era um bom método, pois ele causa a menor perturbação nas forças físicas normais; isso meramente fornecia a um Ser superior um veículo que Ele podia usar, enquanto que a Vestal não seria mais perturbada do que ao cair num sono normal. Este foi o meio em que Pitágoras estava acostumado a dar instruções aos seus discípulos em mais de uma vida.

Atualmente fala-se de um organismo como este como sendo de um médium, e a falta de conhecimento tem acarretado uma degradação no ofício; uma pessoa que nasce sensitiva é ensinada a ser passiva, a permitir que seja lançada em transe, e seu corpo seja possuído sem conhecimento de qual entidade vai usá-lo, sem critério ou poder de autodefesa.

Tais pessoas usualmente poluem seus corpos com carne e álcool, encontram-se com todas as pessoas indiscriminadamente, permitem que qualquer um sente junto delas, vivem em ambientes sórdidos. Os resultados são naturalmente triviais ou repulsivos. Mas não se pode culpar os médiuns por isso, é a ignorância que leva a tais condições.

Helena Blavatsky foi largamente usada por seu Mestre e por outros Instrutores como um meio de comunicação semelhante. Ela era uma combinação das mais extraordinárias e raras. Seu corpo e sistema nervoso eram do tipo mais sensitivo; ela possuía poderes psíquicos muito desenvolvidos, era o que muitos conhecem por médium, e durante sua infância foi rodeada por uma profusão de fenômenos mediúnicos. Mas ela também possuía uma inteligência de extraordinária vivacidade e uma vontade de ferro. Na verdade uma combinação deste tipo é raramente é encontrada, mas é a ideal para um ocultista; de fato um Mestre disse que um corpo assim não tinha sido encontrado em duzentos anos.

Seu caráter era positivo e imperioso, e seu treinamento oculto tornou ainda mais poderosa a sua já forte vontade. Ao longo de toda sua vida como uma das Fundadoras da ela esteve constantemente saindo do corpo físico a fim de colocá-lo a serviço de seu próprio Mestre ou de algum dos Instrutores, e sua face e voz às vezes mudavam tanto a ponto de deixar perplexos observadores desacostumados.

O Coronel Olcott nos diz em seu Old Diary Leaves que a maior parte de sua instrução oculta lhe veio desta forma antiga - ela saía do seu corpo e um Mestre ensinava à ávida e devota discípula. De todos os meios de comunicação, como já disse, este é o melhor, pois causar menos perturbações; mas há poucas pessoas que se adéquam a servir de canais como este. Porém, as pessoas não treinam para alcançarem este nível de consciência, isto é, elevar a mente acima de seu nível normal pelo contato com a mente do Mestre, e alguns de Seus pensamentos fluírem através dela.

Os Mestres também usaram o método de materialização dos Seus corpos físicos, e nos primeiros tempos ele foi usado com relativa freqüência. O Mestre vem em seu corpo ilusório [um corpo formado pela vontade do Mestre com materiais dos mundos mental inferior e astral] - e o densifica no local onde Ele deseja aparecer, retirando da atmosfera, ou do corpo de alguém presente, as partículas que, incorporadas ao corpo sutil, o tornam visível e às vezes tangível. O Coronel Olcott viu seu Mestre pela primeira vez desta forma em Nova Iorque; também eu O vi pela primeira vez assim, em Fontainebleau, em 1889. Diversos Mestres ou Seus discípulos Iniciados apareceram a membros da desta maneira.

Naturalmente perguntamos: Por que um meio de comunicação tão impressionante e satisfatório deveria ser perigoso? Por causa da universalidade da bem conhecida lei que diz que "ação e reação são iguais, mas opostas". Sempre que as forças dos planos superiores são levadas a atuar diretamente nos inferiores, há uma reação comparável àquela ação, e a atuação direta aqui embaixo de um Irmão da Loja Branca é seguida por uma ação direta semelhante também aqui por um Irmão da Loja Negra.

Em uma das primeiras cartas um Mestre explicou esta perigosa reação aos fenômenos produzidos por Helena Blavatsky e os resultados destrutivos naqueles em seu círculo, e muitos de nós têm visto farta comprovação desta lei. Onde quer que tenham lugar tais manifestações de força oculta há perturbações e problemas, e aqueles que a princípio parecem ter sido altamente favorecidos são aqueles em quem recai o peso do refluxo inevitável. Eles sofrem física ou mentalmente, há perda de equilíbrio ou perturbações nervosas. A tensão nervosa a que Helena Blavatsky esteve sujeita pela abundância de fenômenos que ela produziu arruinou sua saúde física e a envelheceu antes do tempo. E é digno de nota que, por causa da tensão envolvida nesta atuação de forças na vida do discipulado, a saúde física tem sido sempre no Oriente um pré-requisito para o discipulado.

Sem um treinamento definido nenhum corpo físico consegue suportar a tensão das experiências psíquicas. A histeria e a vidência têm sido tão constantemente encontradas juntas que alguns consideram todas as exibições de vidência como resultado de perturbação do equilíbrio mental, e é verdade que em muitíssimos casos a sensitividade psíquica e nervos abalados andam juntos. Magnéticas, elétricas e outras formas de vibrações etéricas se estabelecem no plano físico pela exibição das forças sutis, e a menos que as pessoas dentro de seu alcance saibam como se proteger elas pagam o preço por sua presença sob forma de nervos perturbados e cérebros sobrecarregados.

Outro meio de comunicação é o envio de uma mensagem pelo Mestre através de um discípulo. Uma mensagem muitas vezes é transmitida pelo discípulo sob a forma do seu Mestre. Pois os corpos astral e mental seguem o pensamento de seus usuários, e se o discípulo que traz a mensagem está pensando firmemente em seu Mestre, seu corpo pode assumir Seu aspecto e o remetente da mensagem apareceria também como seu entregador.
Assumindo os corpos mental ou astral aquela forma, o material mais denso a eles incorporado também se conformaria naquela semelhança, e assim uma aparição do Mestre poderia ter lugar mesmo não estando Ele de fato presente.

Também, de modo semelhante, a comunicação poderia ser trazida por uma forma-pensamento do Mestre, e isso talvez ocorra com mais freqüência do que a verdadeira ida do Mestre até um lugar qualquer. Tem sido observado, bem fora do envolvimento de algum Mestre, que uma pessoa vê a forma de outra onde apenas uma forma-pensamento havia sido enviada, não tendo ocorrido nenhuma visita real no corpo astral.

Uma pessoa cuja mente foi razoavelmente treinada pode enviar tais formas-pensamento, que assumirão a forma do emissário. Muitas vezes disseram a mim mesma que apareci em certos lugares e fiz determinadas coisas, e aqueles que viram não foram facilmente convencidos de que eu não lhes fizera qualquer visita, mas que apenas havia pensado neles. Se quem vê foi treinado para uma observação cuidadosa, teria sido capaz de distinguir entre uma forma-pensamento e uma pessoa, mas faltando este treinamento uma pessoa pode honestamente dizer: Eu vi meu amigo, quando o que ele viu foi só uma forma-pensamento.

Além disso, é possível para uma pessoa projetar uma forma-pensamento e então percebê-la como um objeto externo. Um Mestre poderia enviar um pensamento para um estudante, e assim produzir uma mudança em sua consciência nos níveis superiores do plano mental. Esta mudança de consciência causada pelo Mestre produzirá vibrações correspondentes no corpo causal do estudante, e estas seriam reproduzidas do modo normal nos corpos mental e astral, e sendo assim levadas até o etérico.

Uma pessoa mais facilmente afetada através do nervo auditivo poderia em tais circunstâncias ouvir a voz do Mestre, e ouví-la dentro ou fora de sua cabeça; alguém mais prontamente afetado pelo nervo óptico poderia igualmente ver a forma do Mestre; cada qual poderia crer que ouvira ou vira o próprio Mestre, quando inconscientemente em seu cérebro etérico eles teriam manufaturado a voz ou a forma. Em tais casos a comunicação teria sido real, mas a forma que ela tomou no plano físico teria sido ilusória.

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