13 de março de 2010

O TEMPO


Quando se diz que o ser tem que se libertar da Mente, na verdade o que se pretende dizer é que ele tem que se libertar das limitações que são a mente.

A consciência contém o todo e a parte. Mesmo que se considere ilusão ainda assim as partes, de certa, forma existem e se existem devem constar no “É”. Seja qual for a coisa, ou condição, que real ou ilusoriamente exista deve fazer parte do “É”, logo é parte integrante da Consciência.

A mente se existe, quer ela seja realidade ou ilusão, está presente no “É” . Como o “É” se trata de um registro pleno poderia como tal deixar de conter todas as ilusões? Tudo o que faz parte do “É” não se extingue porque o “É” é eterno desde que ele está fora do espaço-tempo.

Sejam como realidades ou como ilusões os elementos constitutivos da mente aprisionam o ser, setorizando e limitando a percepção que se tem da Consciência. No conto dos cegos e do elefante a condição do não ver o animal por completo, sem dúvida, o limita. Assim também há condições que limitam a Consciência condicionando e limitando a percepção. É preciso que se tenha uma compreensão exata sobre a natureza dos elementos limitantes que em sua totalidade compreende a mente.

Um dos principais meios que limita a percepção do todo é a falsa idéia de tempo linear. O Tempo, como algo absoluto, é o mais importante elemento presente na Consciência, mas como no processo do “se ver em parte” ocorre o surgimento então esta modifica o tempo absoluto gerando o tempo seqüencial – tempo linear, ou tempo cronológico.

A única realidade está representada como o “É”. Coisa alguma está fora dele, pois se fosse de outra forma não seria infinito. No “É”, em termos de tempo, só existe o Eterno Agora, portanto não há passado e nem futuro, somente presente. Transportando ao sentido gramatical poderemos dizer que no Eterno Agora só há o tempo verbal presente.

É a mente quem gera a idéia de passado e de futuro e isto funciona de forma fazer parecer que existem dois mundos distintos, o Transcendente e o Imanente. Na verdade o Imanente se baseia na condição de manifestação parcial da Consciência. No conto do elefante, para os cegos a parte percebida por cada um representaria o elefante. Na Consciência ocorre o mesmo, a parte percebida por cada ser compõe um mundo distinto – mundo imanente – mas que não é o verdadeiro mundo-Transcendente. A percepção parcial é que motiva a existência aparente de um outro mundo – Imanente.

O não perceber o tempo como algo absoluto e infinito gera a ilusão de tempo linear. Nesta condição ele se apresenta de forma tríplice: passado, presente, e futuro. Mas, a ilusão do tempo é tão marcante que faz com que seja tremendamente difícil a pessoa de dissociar dela. O Imanente é um mundo baseado em passado e futuro e onde não há lugar para o presente, para o agora. Quando é o presente – agora? Jamais ele é encontrado no Mundo Imanente, neste mundo que aceitamos como algo real e concreto. Voltamos a lembrar um exercício mental que já utilizamos em outras palestras. Tome como exemplo uma hora qualquer como, por exemplo, Meia Noite. Quando ocorre a meia noite? Quando é o agora da Meia Noite? Faltam 10 minutos, falta um minuto, um segundo, um nanosegundo, e assim por dia nesse processo cada vez o tempo faltante diminui, mas quando é que ele zera? Em nível de tempo linear jamais se chega a atingir a Meia Noite. Isto tende para infinito, portanto somente no infinito ocorre o agora, contudo quando isto acontece, em se tratando de Infinito, já não é mais Imanência e sim Transcendência. Tempo infinito é Eterno Agora uma condição somente existe como o “É”. Por outro lado, no “É” – Eterno Agora – não pode haver nem passado e nem futuro, pois tudo “ali” é presente, tudo é agora. Mas, ver isto é ver a totalidade. As partes do elefante são as partes do tempo, é como se fosse tempo fracionado, o que equivaleria a dividir o Tempo Absoluto, que equivaleria a dividir o indivisível.

Vemos que ao se falar de Mundo Imanente tem-se que eliminar o presente onde somente os únicos tempos verbais aplicáveis são passado e futuro. Contudo, devemos examinar o passado. Esta é uma condição que só existe no presente. Algo que sentimos, como passado, quando ocorreu ele era presente. Considere uma ação qualquer do passado e veja que ao ocorrer ela era presente. Então como é que fica, se o agora – o presente – não existe! Então o passado só existiria no Transcendente, mas já dissemos que no Transcendente o que existe é o Eterno Agora em que não pode haver passado e nem futuro, pois se assim não fosse aquilo perderia a condição de Eterno Agora. Como então sair desse paradoxo? Entendendo-se que tudo é “agora”, que passado e futuro são artifícios da mente e, desde que não põem existir tanto no Mundo Imanente quanto no Transcendente. Assim há de se convir que aquilo que se acredita ser o passado é uma mera ilusão, um artifício da mente que diz respeito à percepção limitada ao nível de Consciência.

Evento algum ocorre no passado, pois quando ele ocorreu era presente, e se presente ocorre no “É”. Presente é uma condição única do Transcendente. Isto mostra que a idéia de passado é um artifício mental, e que tudo ocorre no presente, tudo existe e ocorre somente no “É”.

(Texto: José Laercio do Egito-FRC)
A análise do passado mostra claramente que o mundo imanente é pura ilusão. Trata-se de uma armadilha da mente cujo objetivo é assegurar a individualidade e a manutenção do Ego

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