13 de novembro de 2010

SOBRE A JUSTIÇA NO TAROT

Entre os Arcanos Maiores do Tarot temos a representação das Quatro Virtudes Cardeais:

Justiça (8), Prudência (9), Força (11) e Temperança (14).


Discute-se a respeito das virtudes desde os tempos de Sócrates. Alguns defendem que elas são inerentes ao homem (ou você tem ou você não tem); outros afirmam que se trata de um comportamento adquirido por meio da vontade e do hábito. Para Tomás de Aquino, as virtudes definiam o máximo daquilo que uma pessoa pode ser – ultimum potentiae.

Uma visão a respeito das virtudes ajuda, mas não define as cartas correspondentes como um todo. O Tarot tem as suas particularidades. De qualquer modo, vejo muitas pessoas com leituras tendenciosas com relação ao Arcano 8, ora remetendo a carta para algo que envolve a legalidade da situação, ora abusando das conotações espirituais banalizadas, empregando a expressão karma, por exemplo, como se ela servisse de explicação para tudo. Já estive com uma pessoa que gritava “karma!” quando a Justiça aparecia como se estivesse no bingo… Nada mais tolo. O que podemos extrair destas duas vertentes é o fato que cada um recebe o que lhe é devido, mas é preciso ir além. Quem estabelece, para início de conversa, o que é devido para cada um?

Do ponto-de-vista jurídico, as regras são criadas pelos homens e são aplicadas de acordo com o que cada grupo considera correto para a boa convivência entre seus membros. Nos EUA as leis variam de Estado para Estado, ou seja, mesmo dentro do mesmo país, algo proibido na Califórnia pode ser liberado no Texas – e vice-versa.
Se formos apelar para o Divino, os dogmas existem de acordo com a tradição a qual pertencem e a interpretação – algumas vezes equivocada e/ou oportunista – de seus representantes (ou os que assim se dizem ser).

Poderia entrar em questões delicadas, como a exploração da fé de algumas denominações ou a posição fundamentalista de grupos que distorcem conceitos originalmente elevados, como é o caso do jihad. Mas vou me esquivar disso para dar um exemplo simples e de ordem prática: alimentação.

Os Hare-Krishnas, assim como outros grupos religiosos, são vegetarianos por respeito a toda forma de vida. Os judeus comem carne bovina kosher e estão proibidos de comer suinos e frutos do mar (peixe pode, mas só os de nadadeiras e escamas). Católicos comem de tudo, exceto em datas especiais. Quem poderia dizer o que é verdadeiramente certo “aos olhos de D’us”?

Pinçando mitologias ao redor do mundo, temos Ma’at, que representa a verdade para os egípcios. No momento da morte, ela pesa o coração do homem, condenando-o ao Inferno se ele for mais pesado que uma pena. Para os gregos, Themis governa as leis da natureza e guarda os juramentos que, uma vez proferidos, devem ser cumpridos. Para os romanos, cabe à Iustitia ser porta-voz do que é justo (ius-dicere – “dizer o justo”, origem da palavra justiça).


Uma pessoa que procura aconselhamento, necessariamente não precisa compartilhar das mesmas crenças espirituais de seu conselheiro. Eu posso afirmar que “cada um recebe o que lhe é devido” e isso tem muito a ver com a minha formação, mas ninguém é obrigado acreditar em reencarnação e/ou karma – sem contar que as pessoas têm o mal hábito de associar karma sempre à punições, nunca a recompensas (não, dharma não é o contrário de karma, antes que você pergunte…rs).

Logo, o que estou ponderando aqui é até que ponto o que se convencionou, de modo geral, com relação à Justiça está de todo correto com relação aos atributos desta lâmina.

Sim, ela pode representar questões jurídicas dentro de determinados contextos (também um advogado, uma ação legal, etc.), mas o roteiro não se aplica a tudo, por isso seguem algumas reflexões pessoais:

A carta da Justiça (8) segue a carta do Carro (7), indicando que toda ação tem um preço ou reação. Alguns se valem da Física e outros do Karma para explicar o que acontece, mas existe um fundamento simbólico que antecede tudo isso – a Lei da Interdependência. Um prato da balança está ligado ao outro, de modo que não há como mexer em um sem que algo aconteça com o outro.


A noção de interdependência é anterior à “causa e efeito” porque não se trata apenas de “isso é problema meu”. Uma pessoa que fuma não envenena apenas os seus pulmões, como geralmente afirma, mas ajuda a deteriorar a qualidade do ar da sua casa, da cidade onde vive e, em última escala, todo o planeta é prejudicado, quer ela tenha consciência disso ou não. Fui over? Ok, vamos trazer a questão mais para perto: se estamos alegres, tristes ou enfurecidos, nossas ações afetam diretamente as pessoas que nos cercam e estas podem provocar uma reação em cadeia, multiplicando algo muito bom ou muito ruim.

O fato é que no momento em que adquirimos a consciência da interdependência, nos tornamos mais cuidadosos com nossos atos. Dentro de uma ótica espiritualista, se esta for permitida, devemos estar vigilantes, inclusive, com relação aos pensamentos, pois eles também são agentes de mudança. Não é necessário, inclusive, nem ser tão espiritualista assim: quando estamos bem, quase tudo dá certo e, o que não dá, se resolve rápido. Quando estamos mal, por outro lado, tudo parece contribuir para a perpetuação da tristeza ou mau humor.


A Justiça tem uma coisa curiosa: por um lado ela precisa ser isenta e tratar a todos como iguais, razão pela qual pode ser representada usando venda nos olhos. No entanto, sua natureza é – e precisa ser – discriminativa, pois reconhece nas diferenças o ponto de equilíbrio.

Chama a minha atenção, quando dispomos todos os Arcanos Maiores no modelo septenário, as cartas da Justica e da Temperança ocuparem posições extremas na segunda linha: enquanto a primeira classifica e diferencia, preservando as partes, a segunda anula as individualidades através da fusão. A primeira procura um ponto de equilíbrio (o alinhamento dos pratos), a segunda dispõe dos elementos na medida adequada à cada necessidade.

Da teoria para a prática, toda vez que a Justiça estiver em jogo, não misture as coisas – isso é trabalho para a Temperança. Aqui você é solicitado a pesar, analisar, dissecar, classificar, priorizar, (re)organizar, relacionar prós e contras, ler nas entrelinhas… faça tudo isso e depois não reclame de ter deixado passar algo despercebido. A Justiça pode ser o advogado, mas também o contador, o engenheiro, o cientista, o cirurgião… tudo que requer uma exatidão matemática.

A carta da Justiça fala de acordos, formais ou não. Resgatando o mito de Themis, “palavra dada é palavra empenhada”. Muito cuidado com o que se promete e documentos que se assina. Exija o que lhe foi prometido na justa medida, sem querer levar vantagens ou aceitar menos – e se aceitar menos, assuma isso sem esperar compensações espontâneas, pois elas podem não acontecer. O Arcano VIII fala de responsabilidades: as que temos com relação aos nossos familiares, amigos, trabalhos e vínculos espirituais. Nem tudo é regido por contrato ou nos aparece como opção.

As cartas de número 8 nos Arcanos Menores, por sinal, falam de responsabilidade todo o tempo. Assumir a sua porção em toda e qualquer história é sinal de maturidade e passaporte para virar a página e seguir adiante.

Crowley foi o primeiro a alterar o nome da lâmina, defendendo que o nome “Justiça” está baseado em um princípio humano enquanto “Ajustamento” se refere à natureza, que não é justa, mas exata. O Universo está constantemente em busca do equilíbrio e tudo o que acontece tem este propósito de forma absolutamente impessoal.


Eu gosto de usar a expressão, mas sem esta “bagagem crowleyana”. Aposto mais nos processos de tentativa e erro, na disciplina e no refinamento. Ser bom não é o suficiente, é preciso ser melhor a cada dia. É como entrar para a academia: a nossa capacidade de trabalhar com pesos maiores aumenta com o esforço constante.

A vida não está boa? O trabalho não satisfaz? O relacionamento está difícil? O dinheiro não chega no fim do mês? O que pode ser feito para que se alcance um ponto de equilíbrio? Em que aspectos eu posso exigir algo e em quais posso fazer concessões? Será que uma outra abordagem não se faz necessária? Estou dando o peso certo para cada coisa? Grande parte de nossos sofrimentos derivam da confusão que fazemos em tornar o pequeno, grande; e o grande, pequeno.

A palavra hebraica tsedacá é traduzida como “caridade”, mas, literalmente, significa “fazer justiça”. Existem várias análises com relação a isso e não vou entrar, pelos motivos que escrevi no começo, no mérito religioso. De qualquer forma, vejo o tsedacá como um gesto de gratidão. A gente dá o que a gente tem. Se tem é porque recebeu. Se tem bastante, compartilhe e permita que outras pessoas usufruam do mesmo benefício – de novo vem a questão da interdependência.

Quando a gente bota a energia em movimento ela sempre se renova. O Seis de Ouros pode (e deveria) ser interpretado desta forma. No Rider-Waite temos a balança de volta. Quando ela aparece no jogo, é preciso ter certeza da posição que ocupamos. Por vezes somos aquele que tem o poder de beneficiar o outro, por vezes somos aquele que precisa estar “disponível” para receber ajuda.

Aquele que confere tem a balança nas mãos porque ninguém pode dar o que não tem – um erro que se repete freqüentemente em nossas vidas. Há quem diga que para ter amor é preciso dar amor, mas eu questiono isso. Para ter amor você precisa estar aberto para ele. Ainda que se queira muito, nem sempre nos colocamos em uma condição receptiva. Não se trata de exigir amor, mas permitir que ele venha e se instale em nossas vidas. A regra serve para tudo mais e muitas vezes desconhecemos os mecanismos inconscientes de sabotagem interna.


Considerando, ainda, que a setença está nas mãos de homens – e que estes podem ser justos ou não – acho interessante colocar as cartas de número 4, 8 e 16 lado-a-lado, pois ela ilustra que a mesma mão que dá ou eleva (Imperador) pode ser a mão que retira e derruba (Torre).

Fui trainee de um primeiro programa de trainees de uma grande empresa. Éramos naturalmente hostilizados por alguns que nos viam como “olheiros” da presidência e um diretor, em especial, ria da miopia de seus colegas, pois dizia que os trainees de hoje seriam gerentes e diretores amanhã, de modo que poderiam vir a retribuir o tratamento recebido. “O mundo é redondo porque dá muitas voltas”, filosofava.

Outro exemplo profissional – que sempre considero os mais fáceis de entender – é de um diretor que trabalha com alguns funcionários que não gosta por questões pessoais e veta o crescimento deles na empresa (ou os demite, quando pode ou tem a oportunidade) independente de seus talentos , beneficiando outros nem tão bons assim (ou péssimos!), mas que “lhe fazem a corte”.

A idéia aqui, como sempre, é instigar. Ver as coisas fora do lugar-comum é sempre um exercício estimulante. Os românticos dizem que “aquele que com ferro fere, com ferro será ferido”, mas já vi muita gente promovendo o sofrimento sem que nada lhes aconteça e, ainda que venha o castigo de algum lugar, isso não me serve de alento ou anula o mal realizado. Os reencarnacionistas defenderão que o que não se “paga” em uma vida se “paga” nas próximas e, de novo, isso não me diz muito coisa por mais que acredite ser verdadeiro.

Aí surge a pergunta: “a retidão está em agir de acordo com a lei ou de acordo com a sua consciência?”

A meu ver, integridade e retidão se revelam naturalmente quando estamos conscientes de nossa essência, nos despimos das máscaras e curamos todas as nossas feridas. Enquanto isso não acontece, tudo vem da atenção e do esforço de promover a alegria e eliminar o sofrimento.

“Faz o que for justo. O resto virá por si só.” — Goethe

(Texto: Marcelo Bueno)

RODA ASTROTAROLÓGICA-CABALÌSTICA VI

Os Arcanos Maiores do Tarot ilustram, quando em sequência, a "Jornada do Herói", uma espécie de codificação mitológica que narra desde o ato da criação até a evolução humana ao Divino.


Além disso, os Arcanos Maiores trazem simbolismos não só no nome, mas nas ilustrações. Em geral, cada detalhe representa algo, um aspecto relacionado ao significado mais profundo da carta - que é usado para o autoconhecimento. Creio que seja por isso que muitas cartas de Tarot de versões diferentes conservam tantas semelhanças.

Os arcanos maiores do tarot, representam cada um, um caminho na árvore da vida (otz chiim). Já os arcanos menores representam as sefiroth. Por exemplo: os quatro setes do baralho representam quatro aspectos da sétima sefira (netzach).

Como o tarot, a cabala e o hermetismo são intrinsecamente interligados significado da carta invertida representa, nos arcanos maiores as qliphas e nos menores os túneis.

As "Qliphoth" são uma espécie de sefiroth invertidas (se as sefiroth são emanações da perfeição "de deus" as "Qliphoth" seriam o inverso disso). Tem um tópico neste blog sobre este assunto.

Todo ponto tem seu contra ponto. Toda luz tem sua sombra, para realçar o contraste.

Existe a árvore da vida e existe a árvore da morte.
Existe a cabala e existe a goecia.
Existem as sephiroth e existem as Qliphoth.
Existem os caminhos da sabedoria e existem os túneis da degeneração.

A “Árvore da vida” tem os 22 caminhos e as 10 sefiroth (os 32 caminhos da sabedoria) e a "Árvore da Morte" (a arvore da vida "invertida") possui os 22 túneis e 10 Qliphoth.

Todos os seres derivam do nome de DEUS, o "SHEMHAMPHORASH". Como vivemos em um mundo de dualidade, ele se desdobra em um feixe de luz e sombras, pois toda parte tem uma contra-parte oposta, gerando dessa forma 72 ANJOS e 72 DEMÔNIOS.

Na verdade, segundo a teoria das Leis Herméticas, esses 72 seres seriam um só, divididos em dois.

Esse nome de Deus, o SHEMHAMPHORASH é essencialmente um nome que se divide em dois aspectos:

- "LVX" (Árvore da Vida)
- "NOX" (Árvore da Morte)

Em LVX há 72 anjos e em NOX 72 demônios.

A Árvore da Vida é relacionada à Cabala e é representada pelas 10 Sephiroth (fluxos de energia) - Sephiroth é o plural de sephira

A Árvore da Morte é relacionada à goecia, e é representada pelas 10 Qliphoth.


A imagem em branco, é a representação da árvore da vida, cada um dos círculos é uma sephira, as linhas que os ligam são os caminhos (repare que são 22 linhas).

Veja que a árvore da vida reflete uma sombra atrás dela, formando uma figura idêntica, porém na cor preta. Essa é a representação de Nox, a árvore da Morte.

Cada um dos círculos da árvore é uma Qliphoth, e as linhas que os ligam são os túneis.

Cada carta do tarot, foi criada baseado nos caminhos da sabedoria da árvore da vida. As 22 cartas do tarot esquematizam a jornada do Louco em sua evolução, e cada uma delas foi feita para representar um caminho específico da Sabedoria. Some-se isso ao fato de que cada carta do Tarot equivale a uma letra especí¬fica do alfabeto hebraico.


Concluímos que, cada um dos 22 caminhos da sabedoria possui:

- um número que o identifica
- uma letra que o define.
- uma carta de tarot que o representa.

- Com o número o identificamos,
- Com a letra o diferenciamos,
- com a carta do tarot que o representa o interpretamos.

Para se entender o significado de cada caminho da sabedoria, basta interpretar a carta do tarot que ele representa. Eis a importância do Tarot e de seu estudo.

OS CORPOS SEGUNDO ANNIE BESANT


O homem (ou Ego, ser pensante e consciente) possui 7 tipos de corpos. Esses são envoltórios que permitem ao homem atuar nas diferentes regiões do Universo. São veículos, instrumentos que o Ser utiliza para atuar nessas regiões e que, por isso, pode variar sua constituição sendo mais ou menos denso de acordo o plano em que irá atuar. São eles:

Sob a denominação de "corpo físico" devem incluir-se os dois princípios inferiores do homem, corpo grosseiro (a parte visível) e o duplo etérico. Ambos funcionam no plano físico; ambos são compostos de matéria física e formados para um período de vida física, e ambos são abandonados pelo homem físico quando morre e desintegram no mundo físico quando o homem segue para o astral.

O corpo físico do homem é composto de matéria em seus sete estados (sólidos, líquidos, gases e as subdivisões do estado elétrico). Qualquer porção desta matéria é suscetível de passar para um destes estados, mas, nas condições normais de temperatura e de pressão, a matéria adota um dos sete estados como condição relativamente permanente. O corpo grosseiro consiste de sólidos, líquidos e gases, e o duplo etérico, das quatro subdivisões do éter, conhecidas respectivamente sob as denominações de Éter I, Éter II, Éter III e Éter IV.

O corpo grosseiro serve para nos manifestarmos no plano tridimensional, chamado comumente plano denso. É claro que este veículo adaptado para esta zona física não sirva para nos manifestarmos em outros planos onde a matéria é mais sutil. Para estas dimensões necessitamos de um veículo apropriado, com as características indispensáveis e acondicionado às leis que regem estas dimensões.

A cada sete anos as partículas que constituem o corpo grosseiro são renovadas e, portanto, há a possibilidade de purificar o corpo através da seleção de alimentos mais puros (que fornecerão partículas mais puras). À medida que aumenta o número de elementos puros, vai-se formando no corpo um exército de defensores que se encarregam de destruir todas as partículas nocivas que o atacam, vindas do exterior, ou que nele penetram sem o seu consentimento. Dessa forma, mais fácil será para o corpo defender-se desses agentes externos (que são visíveis aos olhos físicos ou não) que causam desequilíbrios e doenças.

O duplo etérico é a reprodução exata, partícula por partícula, do corpo visível; é igualmente o intermediário que põe em movimento todas as correntes elétricas e vitais das quais depende a atividade do corpo. É "etérico", por ser constituído por éter, e é "duplo" por ser uma reprodução exata do corpo grosseiro - a sua sombra, por assim dizer.

O duplo etérico compõe-se destas quatro espécies de éter que penetram todos os constituintes sólidos, líquidos e gasosos do corpo grosseiro, rodeando cada partícula com um invólucro etérico e apresentando assim um duplicado exato da forma mais grosseira. É graças ao duplo etérico que a fôrça vital, Prana (ou sopro da vida), percorre os nervos do corpo, permitindo-lhes que transmitam força motriz e sensibilidade às impressões externas. Os poderes do pensamento, do movimento e da sensibilidade não residem na substância nervosa física ou etérica; constituem atividades do Ego, que operam nos seus corpos mais internos, e a sua expressão no plano físico torna-se possível graças ao Prana que percorre os filamentos nervosos e envolve as células nervosas. As funções do duplo etérico consistem em servir de intermediário físico para a manifestação desta energia.

Esses dois corpos, o grosseiro e o etérico, “esperam” o Ego para o momento do seu nascimento/reencarnarção (ou seja, não é trazido com ele como o que acontece com o corpo astral) e não são os criadores do pensamento, mas sim, servem como seus instrumentos. No momento da morte o Ego se separa do corpo grosseiro levando consigo o copo etérico e logo se separa também desse último.

Com a ação geral por intermédio do corpo astral pode existir uma ligação entre o mundo externo e a inteligência do homem, uma ligação entre as impressões recebidas pelos sentidos físicos e a percepção delas pela inteligência. A impressão transforma-se em sensação ao chegar ao corpo astral e só então é percebida pela inteligência. O corpo astral é um veículo pelo qual o Ser pode atuar em seus corpos mais grosseiros e por eles ser afetado.

O aperfeiçoamento do corpo astral se baseia na purificação do corpo físico e na purificação e no desenvolvimento do espírito. O corpo astral é especialmente sensível às impressões do pensamento, porque a matéria astral responde mais prontamente aos impulsos do mundo mental do que a matéria física.

Quando consideramos o mundo astral, vemo-lo repleto de formas variáveis; distinguirmos as "formas de pensamento", isto é, formas compostas de essência Elemental e animadas por um pensamento. Veremos também perpassar correntes de pensamento por esta matéria astral; os pensamentos fortes arranjam invólucros de matéria astral e persistem durante muito tempo, como verdadeiras entidades, ao passo que os pensamentos fracos revestem apenas uma forma vaga que em breve se esvai novamente. O mundo astral acha-se, portanto eternamente submetido a mudanças causadas pelos impulsos do pensamento, e o corpo astral do homem, composto dessa mesma matéria, também se apressa a responder à impressão dos pensamentos, vibrando em uníssono com todos os pensamentos que o assaltam, quer dimanem do exterior, das mentes dos outros homens, quer brotem do íntimo da sua própria mente.

Por ser o corpo astral o veículo da consciência kâmica do homem, constitui a sede de todas as paixões, de todos os desejos animais; é o centro dos sentidos, donde, como já dissemos, brotam todas as sensações. Ao contato dos pensamentos, vibra e muda constantemente de cor; se o homem se encoleriza, são dardejados raios vermelhos; se sente apaixonado, as irradiações tingem-se de uma cor-de-rosa suave.

Se os pensamentos do homem são nobres e elevados, necessitam de matéria astral sutil para lhes corresponder; a ação destes pensamentos sobre o corpo astral manifesta-se então pela eliminação das partículas grosseiras e espessas de cada subplano e pela aquisição de elementos mais delicados, purificando assim o corpo astral. Além disso, os pensamentos criados pelo Ser irão influenciar nos pensamentos presentes no ambiente, atraindo aqueles que lhe são semelhantes e repelindo os diferentes. Nossos vícios, nossas tendências e nossas virtudes moldam o corpo astral (o atual), o que influenciará no nosso estado após a morte e no corpo astral do novo nascimento.

À medida que o homem torna-se mais esclarecido sobre a Vida e com o desenvolvimento de trabalhos altruístas, o homem torna-se capaz de atuar em outros planos além do físico, como o plano astral, e de conservar a memória da sua vida nesses planos.


Constitui o veículo especial da consciência no plano mental, mas também trabalha no corpo astral e através dele no físico, produzindo tudo o que chamamos manifestações da inteligência no estado normal de vigília. O corpo mental é o veículo do Ser para todo o seu trabalho de raciocínio. Quando se trata de um homem pouco evoluído, este corpo não pode, durante a vida terrestre, funcionar separadamente como um veículo da consciência no seu próprio plano, e quando este homem exerce as suas faculdades mentais, é necessário que estas se revistam de matéria astral e física, para que ele adquira a consciência da sua atividade.

A matéria de que se compõe o corpo mental é extremamente tênue e sutil (mais até que o próprio éter). Nesta matéria o Ego manifesta-se como inteligência, e no que se lhe segue mais abaixo (o astral), manifesta-se como sensação. À medida que o homem, na série das suas encarnações, se vai desenvolvendo progressivamente, o corpo mental evolui proporcionalmente ao desenvolvimento intelectual (mental cresce, aumenta em volume e em atividade); e a sua organização também se vai tornando mais perfeita e definida, à medida que as qualidades e os atributos da inteligência se tornam mais conspícuos e distintos. Sua forma é oval e penetra, é claro, nos corpos físico e astral, envolvendo-os na sua atmosfera resplandecente, que tende sempre a aumentar com o progressivo desenvolvimento intelectual.

O corpo mental recebe todas as impressões ao mesmo tempo e tem, por assim dizer, a recepção completa de tudo que consegue impressioná-lo. Para tornar isto mais compreensível, talvez seja melhor dizer que, se um estudante treinado entra no plano mental e aí se comunica com outro estudante, o mental fala simultaneamente por meio de cores, sons e formas, de modo que um pensamento completo é transmitido sob a forma duma imagem colorida e musical, em vez de se transmitir só um fragmento por meio de símbolos que denominamos palavras, como aqui fazemos. As vibrações de um único pensamento produzem forma, cor e som.

É importante compreender que a inteligência não pensa uma cor, um som ou uma forma, mas, sim, pensa um pensamento, uma vibração complexa em matéria sutil, e esse pensamento é expresso de todas estas maneiras pelas vibrações produzidas. A matéria do mundo mental emite constantemente vibrações, que dão origem a estas cores, a estes sons, a estas formas; quando um homem funciona no mundo mental independentemente do mundo astral, e do físico, liberta-se das limitações dos seus órgãos dos sentidos, e sente simultaneamente, em todos os pontos do seu ser, as vibrações que no mundo inferior se lhe apresentariam distinta e separadamente.

O corpo mental desenvolve-se graças ao pensamento, são esses os materias que nos servimos para construí-lo. Na realidade construímos o mental quotidianamente pelo exercício das nossas faculdades mentais, pelo desenvolvimento do nosso poder artístico e das nossas emoções elevadas. Se não exercermos as nossas faculdades mentais; se nos contentamos unicamente em ser o receptáculo de pensamentos e nunca o criador deles; se aceitamos constantemente o que de fora nos dão, sem nunca tentarmos formar qualquer coisa no nosso íntimo; se durante a vida só recolhemos os pensamentos dos outros; se o nosso conhecimento acerca dos pensamentos se limita a isso, nesse caso passar-se-ão vidas e vidas sem que o nosso corpo mental se desenvolva. Pois só exercendo a própria inteligência, utilizando as faculdades de um modo produtivo, exercendo-as, trabalhando com elas, exigindo delas um esforço contínuo, só assim é que o corpo mental se desenvolve, só assim é que a evolução verdadeiramente humana pode seguir o seu caminho.

Façamos o seguinte exercício: observe os pensamentos que passam pela sua mente durante o dia, são todos seus ou de outros, que você assumiu como verdade? Eles ficam registrados na sua mente ou simplesmente desaparecem tão de repente como surgiram (são vagos)? Eles “saem” da mesma forma que “entraram” na sua consciência, ou você acrescenta algo mais a eles? O segundo passo é escolher aqueles pensamentos dignos de permanecerem em nossa consciência (os bons pensamentos) e alimentá-los, fortalecê-los de forma que se tornem ainda mais valiosos a fim de enviarmos ao mundo astral na qualidade de agente benfazejo. O resultado de só acolhermos pensamentos bons e úteis e de nos recusarmos a admitir pensamentos maus, será afluírem para a nossa mente apenas bons pensamentos (o corpo mental atuará como imã) ao passo que os maus se abstêm de aparecer. Então, o desenvolvimento e progresso do corpo mental adquirido hoje não são perdidos, mas sim será passado para a próxima vida terrestre.

Assim como o corpo físico, o corpo mental também sofre constantes trocas de partículas/matéria. Sendo assim, é possível que uma pessoa com tendências malévolas transforme-se pelo esforço constante em substituir seus pensamentos ruins por bons. O corpo mental atrairá a matéria de vibração similar desses novos pensamentos cultivados e as partículas dos pensamentos antigos serão gradativamente expelidas. Para isso é importante que estejamos atentos aos nossos pensamentos (para que possamos escolher se devem ou não permanecer na nossa consciência), que sejamos perseverantes nas nossas decisões (afinal mudar não é fácil), que procuremos boas leituras (ensinamentos de elevado cunho moral e espiritual), que exercitemos o pensamento concentrado e seqüencial, e que nos pratiquemos o serviço altruísta.

Com relação ao exposto acima, é interessante perceber como os nossos pensamentos afetam e são afetados pelo meio.

Imaginemos o seguinte, ao elaborarmos pensamentos destrutivos, poluímos a nossa psicosfera de fluidos venenosos e o mesmo fazemos com os endereços de nossos pensamentos, portanto a matéria utilizada para reestruturar o nosso corpo mental seria torpe bem como a de nossos adversários ( o que causaria um envenenamento ainda maior dos pensamentos de nossos algozes), agora invertamos a polaridade do pensamento, desejemos o bem e o triunfo de nossos adversários, tanto estaremos purificando a nossa psicosfera quanto estaremos dando aos nossos inimigos matéria prima para a formação de bons pensamentos e uma consequente mudança de caráter.

Este texto foi retirado do Livro “O Homem e os Seus Corpos, de Annie Besant, que pode ser consultado através do LINK.

O ANJO DA GUARDA SANTO


Em 1888, SL MacGregor Mathers, um dos fundadores do Goldendawn, traduziu em Inglês um manuscrito encontrado na Biblioteca do Arsenal, em Paris, cujo título era: A magia sagrada de Abramelin, o Mago, transmitido por Abraham, o judeu a seu filho Lameque. Este manuscrito do século XIV, foi escrito em hebraico, ao contrário de outros grimórios medievais atribuídos a Moisés, ou Salomão.

Abraham, o judeu era uma figura histórica, um judeu alemão que viveu quase cem anos entre os séculos XIV e XV, famoso mágico e alquimista, identificado como um dos homens mais ricos do seu tempo. Há indícios de que chegou a reunir-se com Henrique VI de Inglaterra, e os Papas, João XXIII, a primeira a ter esse nome, Bento XIII e Gregório XII, e vários outros imperadores e nobres da Europa.

Durante uma de suas viagens em busca da sabedoria, Abraham soube que no Egito havia um mago eremita de nome Abramelin, com o qual viveu por um tempo aprendendo a ciência oculta. Uma vez que o egípcio, que já era um homem velho, estava convencido das qualidades morais de seu aluno, mostrou-lhe dois manuscritos contendo a magia santa. Abraham, o judeu alegou que os seus conhecimentos e competências eram o resultado desse ensino, bem como a prosperidade e a fama que o acompanhou em sua vida.

Abraão morreu antes de transmitir completamente os textos para seus dois filhos, mas consegue entregar dois manuscritos distintos a Joseph com um dos maiores segredos da Cabala, e para Lameque doa a conversa com o Santo Anjo Guardião.

No texto, Abramelin basicamente diz que todos nós temos um link para um ser espiritual chamado o Santo Anjo Guardião. Mas até entrarmos em contato com ele, somos reduzidos a viver à mercê dos impulsos da nossa natureza inferior. Assim, qualquer prática que ele propõe, visa conseguir essa comunicação, e até que isso seja alcançado, é inútil tentar controlar as circunstâncias de nossas vidas, pois se não sabemos nossa verdadeira vontade, não estamos preparados para o exercício dessa vontade no cosmos, visto que as práticas mágicas da época eram destinadas apenas a alcançar os desejos mais profanos (como ainda ocorre atualmente).

A proposta de Abramelin é poderosa porque nos mostra que ter uma visão espiritual clara, induzirá a todo o universo conspirar para o encontro do caminho para nossa realização espiritual.

Embora existam antecedentes históricos Agathosdaimon Zaratustra também fala de um guardião espiritual pessoal que deve ser contatado antes de qualquer cerimônia mágica. Estes seres faziam parte da hierarquia dos arcanjos caldeus. Ou seja, em todas as culturas ouvimos falar desses contatos que nos guiam, então estamos nos referindo a uma experiência universal.

Para nosso espanto, na religião organizada ignorou-se esta questão central, talvez porque a negociação com o Santo Anjo Guardião seja uma experiência muito pessoal e impossível de desenvolver um culto fora dele. Além disso, para quê seria necessário um sacerdote para transmitir a vontade de Deus se podemos recebê-la diretamente de nosso SAG?

O procedimento para estabelecer contato com o SAG, de acordo com o livro, envolve uma cerimônia de pelo menos seis meses longe do mundo, em constante oração e penitência, mas o método não é a essência da mensagem, é importante saber que esse ser existe e nossa devoção deve ter como objetivo conseguir estabelecer uma relação harmoniosa com ele. Assim, é evidente que o nosso anjo está ansioso para falar conosco, mas cabe a nós a escolha do momento. Afinal cumpre-se a Lei do Livre Arbítrio.

Muitos magos tentaram padronizar os procedimentos para entrar em contato com o SAG, mas não é a metodologia que garante o sucesso. Ao seguir as instruções ao pé da letra nos tornamos muito analíticos, quando, na verdade, é o coração que deve ser encaminhado para a baliza. É o amor que professa a parte espiritual em nós mesmos e que nos aproxima dele. Da mesma forma que um amante, pensa e vive para o objeto de sua paixão, cada uma de nossas ações cotidianas devem ter a intensidade do amor da adolescência, porque consideramos que é o caminho para encontrar a nossa verdadeira vontade. Para os hindus, esta forma de devoção é chamada de yoga Bakti, e é o caminho mais rápido para a iluminação.

Depois de três dias em êxtase completo, passa o interessado pelos quatro príncipes do mal, Lúcifer, Leviatã, Satanás, Belial e depois para o resto dos habitantes do submundo, e responde ao juramento de obediência.

Discutir o motivo para essa ação aparentemente absurda levaria muito espaço. Afinal, o mago acaba de passar seis meses procurando a mais alta aspiração e parece um absurdo a troca de um juramento em frente ao mal. Poderíamos dizer que o mal no universo pode ser entendido como desequilíbrio energético ou aplicado no lugar errado e a forma de resgatar as partes escuras do ser, que estão relacionadas com a hierarquia demoníaca. Na verdade, o mago está colocando seu real desejo de se tornar um ser integrado, liberto das contradições que coexistem dentro de cada um.

No final da operação proposta por Abramelin, depois de passar por algumas experiências pessoais de busca e purificação, ocorre uma cerimônia para se “casar” o indivíduo com seu anjo, que desce para acompanhá-lo, tornando-se o mago, a partir desse momento, uno com o divino.

VIRGA AUREA

Livro composto pelo monge escocês Jacques Boaventura Hepburn, bibliotecário do Papa Paulo V, em 1616, em Roma (título traduzido: "O Celestial Golden Rod da Virgem Maria em Setenta e Dois Louvores"), é um compêndio da verdadeira ciência de magia teúrgica. Seria, em Ambelain, uma réplica do Livro dos Feitiços de Cyranides. Este livro é mais conhecido como o Calendário Tycho Brahe Magic.

O momento da publicaçãofoi um período de movimento crescente dos estudos rosacruzes, sugere que Hepburn em seu próprio caminho pode ter participado desse grupo.

Hepburn foi capaz de revelar publicamente o simbolismo de muitos alfabetos e, em particular, alfabetos mágicos. Sem levar em conta os da Cabala e sua tradução e de um texto oculto salomônico. Isto seria bastante para declarar que Hepburn pode ter de alguma maneira, contribuído para a revelação pública da sabedoria esotérica do passado. No mínimo pode sugerir que ele foi inspirado por esse movimento para produzir os Virga Aurea. Como bibliotecário no Vaticano, ele certamente teria recebido os primeiros exemplares das publicações Rosacruz.

Consiste de uma lista de setenta e dois alfabetos (na verdade, setenta, mais latim e hebraico). Alguns destes alfabetos são conhecidos nas línguas antigas, por exemplo, o grego, o Hibernian, germânicos, fenícios, etc, enquanto outros alfabetos mágicos, Angélico, Celestes, Seráfico, Salomão, etc. É, portanto, uma enciclopédia do simbolismo alfabética.

O Virga Aurea é dividido em três partes:

- alfabetos mágickos,
- calendário mágicko,
- árvore cabalística,














Uma geração depois, Athanasius Kircher (1602 - 1680), publicou sua versão da Shemhamphorash, os 72 Nomes de Deus em diferentes línguas, sob a forma de uma placa gravada em seu livro Édipo Aegypticus (Roma 1652-1654), que é apresentada abaixo. Ele provavelmente tinha conhecimento da obra de Audrey Hepburn.

11 de novembro de 2010

O PLANETA REGENTE DO ANO


Essa determinação se baseia, segundo a tradição astrológica, na existência de ciclos de 36 anos governados por diferentes planetas.

O primeiro ciclo, acredita-se, foi governado por Saturno (ano 1 a 36), o segundo correspondeu a Vênus (ano 37 a 72), o terceiro a Júpiter (ano 73 a 108); o quarto a Mercúrio (de 109 a 144); o quinto a Marte (145 a 180); o sexto à Lua (de 181 a 216); o sétimo ao Sol (do ano 217 ao 252). O oitavo ciclo correspondeu novamente a Saturno depois do qual tornaram a se repetir as mesmas regências a cada ciclo de 36 anos, tal qual a ordem indicada anteriormente.

Assim, no século vinte, o ciclo de 1909 até 1944 foi regido por Marte; o ciclo da Lua começou com a entrada do sol no signo de Aries em março de 1945 e se estendeu até março de 1980, para em seguida dar lugar ao ciclo do Sol (1981-2016).

Tendo em mente essas informações vamos ver como se estabelece o regente do ano. O primeiro ano de cada ciclo é governado pelo regente do ciclo. Em seguida cada ano tem seu próprio regente segundo a seguinte ordem: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua.

Segundo essa teoria, a influência cíclica do planeta se estende através de todo ciclo; enquanto a influência do planeta regente anual vale somente durante o ano. Por isso, 1981 que inicia o ciclo solar de 36 anos tem como regente anual o mesmo Sol. De modo conseqüente, 1982 foi regido por Vênus; 1983 por Mercúrio e 2000, a partir de 21 de março, será regido por Júpiter.

Segundo essas concepções o planeta imprime sua característica ao ciclo e ao ano que rege. Desse modo:

-o ciclo de Saturno se caracteriza pela seriedade, pela frugalidade e pelo essencial;
-o de Júpiter pela religiosidade, o crescimento e a expansão;
-o de Vênus favorece a beleza, a harmonia e arte;
-o de Marte as competições, as lutas e as guerras;
-Mercúrio o comércio, as comunicações e as trocas intelectuais;
-a Lua os sentimentos, a mulher, o povo; e, finalmente,
-o Sol a inteligência, as grandes lideranças, a espiritualidade.
(Texto: Cid de Oliveira )

A ALQUIMIA MÍSTICA


'Sabei que os filósofos, por previdência' - escrevia o misterioso Basílio Valentim - ' escreveram várias coisas como o fim de que os ignorantes, que apenas queriam ouro ou prata, não abusassem...'

Ora, existe uma concepção puramente mística da alquimia, segundo a qual as frases sucessivas da preparação da Pedra Filosofal, as operações 'químicas', descrevem na realidade as sucessivas purificações do ser humano na sua procurado conhecimento esclarecido.

'Nem todos os alquimistas' - escreve um dos maiores escritores da Maçonaria moderna, O. Wirth - 'se deixavam enganar pelos seus símbolos. Chumbo significava para eles vulgaridade, pesadez, falta de inteligência e Ouro precisamente o contrário. Iniciados, desinteressavam-se dos bens perecíveis, dos metais ordinários que fascinam os profanos. Referiam tudo ao homem, que é perceptível, e em quem o chumbo é realmente transmutável em ouro'.


O simbolismo alquímico não se aplica pois, à matéria, mas às operações espirituais. As imagens representam a evolução do ser interior. A matéria sobre a qual é preciso trabalhar, é o próprio homem:

'Tu és a própria matéria da Grande Obra' (Grillot de Givry) e a Pedra Filosofal designa o fim da iniciação: o homem transformado. A alquimia não é senão a purificação do ser, que tornará o homem capaz de alcançar o supremo conhecimento: o homem que, renunciando a toda a sensualidade e obedecendo cegamente à vontade de Deus, chegou a participar da ação que as inteligências celestes exercem, já possui por isso a Pedra Filosofal; jamais lhe faltará nada, todas as criaturas da Terra e todas as forças do Céu lhe estão submetidas'.

O 'Mercúrio Filosófico' é ao mesmo tempo o princípio da vida universal da Natureza e o da redenção pela ascece. A própria teoria do homunculus tem um sentido oculto: é um símbolo do nosso novo nascimento, da ressurreição espiritual do homem pela iniciação; da mesma forma que muitos organismos vivos parecem nascer de matéria em putrefação, da mesma forma o homem é capaz de se elevar da sua corrupção habitual.
(Extraído do livro: 'A Alquimia' de Serge Hutin)