24 de setembro de 2013

A GRANDE MORADA VII



4 – O Fator Sírio
“Radiante como o astro que surgiu no tempo da colheita, brilhando em meio ao cúmulo de estrelas, no mais escuro da noite, a estrela que os homens chamam o Cão de Órion. A mais luminosa, mas interpretada como um sinal malévolo, trazendo muita febre para os homens infelizes...” A Illiada
“Ele vem ricamente vestido, em muitas cores.” M. MARTIN, 1907

O reino de Sírio foi o primeiro a ser explorado pelas consciências curiosas que haviam passado pelo Prisma de Lira e haviam se separado dos Fundadores. Sírio representa um símbolo muito importante para toda a Família Galáctica, o símbolo da tríade. Embora ainda não tenha sido confirmado cientificamente pela maioria dos astrônomos, Sírio é um grupo ternário de estrelas.

Alguns astrônomos como Van Der Bos e Finsem do Union Observatory especularam, já em 1920, que Sírio, verdadeiramente, era um grupo ternário de estrelas. Também o fez, mais recentemente, D. Lauterborn. Não obstante ainda não foi encontrado nenhum dado apto para confirmar essa especulação.

A ciência astronômica até aqui já confirmou que Sírio é uma estrela de sistema binário: Sirius A e Sirius B.) http://www.solstation.com/stars/sirius2.htm

Esse grupo representa, simbolicamente, o padrão – duas polaridades na base do triângulo unindo, ou integrando, essas polaridades no ápice. Desse modo se reflete o fundamento básico do desejo da Família Galáctica: fundir-se, novamente, graças à união das polaridades.

Depois do começo muitas consciências que escolheram ficar no estado não físico se sentiram atraídas para o reino de Sírio. Foi ali onde realizaram o trabalho de base, tanto físico como o não físico, para o papel vital que Sírio iria representar no drama que se estava desenrolando. Eles se converteram nos primeiros engenheiros genéticos e etéricos que seguiram os passos dos Fundadores.

Engenheiros genéticos e etéricos: vejam, na linguagem de Ramatis, (espírito) contida em seu livro Mensagens do Astral, psicografado por Hercílio Maes, o que ele ensina sobre Engenheiros Siderais:

“Os Engenheiros Siderais são entidades espirituais de elevada hierarquia no Cosmo, as quais interpretam e plasmam o pensamento de Deus na forma dos mundos e de suas humanidades. Através da ação dinâmica do Verbo – que podeis conceituar como pensamento “fora de Deus” – aquilo que permaneceria em condições abstratas na Mente Divina revela-se na figura de mundos exteriores.”

Antecipando ao que iria acontecer, estes Sírios não físicos começaram a criar (mediante a transmutação de energia em matéria) um mundo de terceira densidade que eventualmente seria capaz de abrigar vida física. Também criaram outros domínios com uma vibração enfocada para as consciências que iriam escolher existir ali em estados não físicos. Devido a isso, graças a suas habilidades de criar feudos adequados para todas as manifestações de consciências, passaram a ser conhecidos como os Anciões de Sírio.

Durante os conflitos entre os liranos e os habitantes de Vega representantes de ambas as polaridades moraram nos campos de Sírio com o desejo de conseguir ali a integração.

Os Anciãos de Sírio se prepararam para a forte afluência, tanto de energia positiva como a negativa. Tinham conhecimento do tipo de situações que iriam se apresentar.

A figura acima é a representação do que se possa chamar de migração, ou transferência, de porções das raças de Lira e de Vega para os domínios da região de Sírios.

Os habitantes de Vega que escolheram viver nos domínios de Sírios decidiram encarnar-se fisicamente dentro de uma realidade de terceira densidade. Culturalmente estavam muito fixados na polaridade masculina e sua filosofia era de dominação, a qual, na quarta densidade, era cada vez mais difícil de manter. Eles perceberam que teriam que dominar seu meio ambiente e controlar a evolução.

Segundo eles, isso lhes permitiria obter maestria sobre seu reino e, neste ponto de vista, sua evolução progrediria a ritmo acelerado. Devido a esse desejo, os habitantes de Vega começaram seus planos para colonizar um planeta que orbita um dos sóis de Sírio. Se fossem manter sua orientação filosófica de dominação, a polarização natural, inerente a esta filosofia, só poderia perpetuar-se numa existência da terceira densidade. Estariam, estreitamente, ligados ao físico, criando um véu de ilusão e de esquecimento, mais denso ainda que o que existe, atualmente, na Terra.

Este véu de ilusão e esquecimento é o que acontece com todos os encarnados na Terra. Não lembramos nossa origem e nem situação alguma vivenciada em encarnações anteriores e temos a ilusão de que o mundo matéria é sólido e que é a única realidade no cosmo.

Eles estavam tão seguros de suas próprias habilidades e tão pouco conscientes da atração de separação, existente na terceira densidade, que começaram a acelerar, apressadamente, o processo evolutivo das espécies parecidas aos primatas que se desenvolviam no mundo que eles haviam escolhido.

No momento em que o DNA da espécie indígena se tornou compatível com seus planos, eles começaram a encarnar-se.

Quase imediatamente, estes novos sirianos perderam sua memória com respeito à conexão com Vega. O véu era demasiado denso. Seus planos de criar o esquecimento foram tão fortes que não recordaram nada de suas origens. Eles não estavam interessados em exercer atividades criativas. Só queriam manter sua estrutura de autoridade.

Quando suas ânsias se traduziram em realidade física, criaram uma cultura impulsionada pelo desejo de dominação. Sobre os outros e sobre todo o universo que os rodeava.

Quando o planeta negativo Sírio já estava em pleno desenvolvimento, um grupo de Lira decidiu aventurar-se ao sistema de Sírio. Estes seres escolheram ficar nos ambientes não físicos. Sua orientação estava polarizada para a ideia do serviço aos demais.

Estavam, particularmente, interessados na cura física das pessoas com dor. A combinação de sírios negativos (que negaram seu Eu espiritual) e os sírios positivos, não físicos, originalmente de Lira (que entenderam que era seu dever curar os que sofriam) criou uma dinâmica de tensão que ecoou por todo o sistema Sírio e até muito além.

“Serviço aos demais”:

Pode ser entendido como expansão da consciência no cumprimento da meta maior da existência, que é o Amor. É o oposto ao Serviço a si mesmo, egoísmo.

Assim começou a saga.

Os positivos começaram a bombardear aos negativos, a níveis inconscientes e subconscientes, com energia amorosa e curadora. Como os negativos estavam tão estreitamente determinados, isto lhes criou mal estar psicológico.

Quanto mais os negativos resistiam, mais energia curadora enviavam os positivos. A tensão que se produziu com esta interação foi muito incômoda para todas as consciências arraigadas dentro do sistema Sírio.

Finalmente intervieram os Anciãos de Sírio.

Decidiu-se transladar de novo o conflito a outro lugar. Desta vez iriam tentar conseguir a integração sob a perspectiva um pouco menos polarizada. Os Anciãos buscaram um lugar para este conflito. Não demorou muito tempo para descobrir as propriedades eletromagnéticas do campo ambiental chamado Órion.

Foi assim que começou o mito de como Sírio, o astro da constelação do Cão Maior, passou a mostrar o caminho ao Caçador - Órion.

Constelação de Órion : Sua figuração é a de um caçador com um braço erguido e o outro segurando a cabeça de um leão. Constelação na qual estão as três estrelas popularmente chamadas de as três Marias.

Uma vez eliminado o conflito inicial do sistema de Sírios, a civilização física ali permaneceu.

Eles haviam se distanciado tanto do espírito, inclusive até à beira da morte, que uma reencarnação imediata acontecia no sistema, distanciando-os de qualquer forma de existência que não fosse a física. Por isso a maioria da sociedade negativa nem sequer se apercebeu da existência de um conflito, e, por isso, não se deu conta de sua aproximação ao sistema de Órion.

Sua sociedade seguia envolta nas brumas do esquecimento. Aqueles que desejavam uma integração dos opostos negativo/positivo, iam, agora, de Lira/Vega a Órion, em lugar de ir a Sírio. Algumas vezes, pouco frequentes, uma alma do mundo negativo de Sírio despertava e avançava para a arena de Órion.

Do ponto de vista da polaridade positiva (não física) de Sírio, agora se estava em condições de influenciar, diretamente, aos negativos que sofriam. Houve muitos que, alegremente, se aventuraram a visitar Órion para efetuar essa missão. Outros preferiram ficar no domínio de Sírio, concentrando suas habilidades curadoras em outros objetivos. Outros seres positivos de Lira se uniram à luta de Órion. Assim nasceu a História Galáctica.

Por causa do desejo dos sirianos positivos de facilitar a cura física (seu desejo de servir ao físico em lugar de escolher uma encarnação) se aliaram com as energias de Arcturos.

Arcturos é a estrela alfa da constelação do Boiadeiro. E´ a quarta estrela mais brilhante, vista, porém, só do hemisfério norte da Terra.

Arcturo está encaminhado para o plano da cura emocional. Juntos formam a matriz Sírios/Arcturos. Essa matriz vem encontrando seu caminho para quase todos os planetas físicos dentro da Família Galáctica na forma de energia holística, que representa a cura do corpo, da mente e do espírito.

O planeta Terra tem conhecido a matriz Sírios/Arcturos de muitas maneiras. É uma energia arquetípica que uma pessoa, ou a sociedade, pode utilizar para muitos propósitos. Esta energia arquetípica é maleável e pode ser plasmada para qualquer finalidade. Seja qual for a forma, sempre estará a serviço do físico. A matriz Sírios/Arcturos lembra os fragmentos de sua conexão com o Todo e suas habilidades naturais de autocura.

Embora seja apenas uma pequena percentagem, um grupo de sírios positivos decidiu, também, encarnar-se no mundo físico. Não obstante, eles rejeitaram a forma humanoide por outra mais representativa de sua própria natureza. Esta forma é a forma dos cetáceos.

Golfinhos e baleias representam uma tradução da energia de Sírio ao mundo físico e polarizado. Na simbologia arquetípica, a água representa o subconsciente. Os cetáceos estão ali, silenciosamente – nos oceanos da Terra e no mar do subconsciente da humanidade.

Eles permanecem ali para nos recordar o potencial que tem a humanidade para a integração. De todas as energias que são partes da Família Galáctica imediata, a energia de Sírio é a mais utilizada na Terra.

A palavra Sírios significa “o que brilha” ou “o que aquece”, também é chamado de “Estrela Cão” e “Estrela do Nilo”. Talvez porque seja a estrela mais brilhante e a segunda estrela mais próxima, visível da Terra (sua distância é de 8,7 anos luz). Muitas culturas antigas, sobre tudo a egípcia, reconheceram a importância da energia de Sírios.

Às vezes, a consciência de Sírios pode escolher densificar sua frequência para que esta seja visível para os humanos da terceira densidade.

Durante muitas dinastias egípcias era bastante comum receber uma visita de um siriano sob o disfarce de um de seus deuses (como, por exemplo, Isis, Osíris e Horus).

Esses “costumes” facilitavam aos egípcios honrar suas presenças e, comumente, estas visitas evocavam memórias de tempos muito antigos, quando os “deuses” caminhavam, abertamente sobre a Terra.

Esses sírios proporcionaram aos egípcios (como a muitas outras culturas terrestres) informações muito avançadas sobre astronomia e medicina. Inclusive hoje em dia os estudiosos deste tema se perguntam pela origem destas informações.

Ao outro lado do globo, a cultura maya teve sua própria relação com Sírio.

Avançadas práticas médicas e informação astronômica galáctica lhes foi repassada. Ainda hoje os investigadores modernos não são capazes de decifrar essas informações.

Sua relação com Sírio foi muito mais pessoal. Aqueles mayas foram, de certa forma, turistas procedentes dos domínios de Sírio (encarnados aqui na Terra) que queriam experimentar o físico numa proximidade maior.

Suas relações com os sírios foram tão íntimas que, de fato, estes últimos compartilharam com eles a tecnologia da transmutação – converter a matéria em pura energia/consciência. Quando conseguiram aprender as lições, a raça maya desapareceu, (se transmutou), deixando atrás de si um caminho para os humanos os seguir.

Os autores, neste parágrafo anterior, citam que a raça maia se transmutou, isto é, de corpos físicos passaram a corpos etéreos. Portanto, invisíveis aos humanos.

Isso é intrigante porque há consenso entre os pesquisadores: nenhum deles consegue entender o sumiço dos Maias. Para nós, simplesmente, desapareceram da face da Terra sem deixar rastros. Terão mesmo se transmutado ?

Esses sírios deixaram muitas cápsulas do tempo e quebra cabeças atrás de si para as futuras gerações. Um desses quebra cabeça é o crânio de cristal.

O crânio de cristal poderia representar a natureza infinita do homem e da consciência. Reparando em suas profundezas, pode-se divisar o passado e o futuro.

Os humanos ainda não aprenderam a traduzir os dados e emoções que são desencadeadas quando se observa fixamente sua esfera. Talvez um dia os códigos contidos dentro desse crânio originem centelhas de memória na humanidade, tal como foi, provavelmente, a intenção dos sírios. Eles são o principal grupo que, disfarçados de muitas formas, deixaram pistas sobre o passado da Terra.

É importante dar-se conta de que não se deve referir-se aos sírios como um grupo de extraterrestres, porém, entende-los como um grupo de consciências expressando-se a si mesmas tanto fisicamente como no não físico. Eles têm sido uma força inspiradora para as civilizações em desenvolvimento na Terra.

Tal como veremos mais adiante, eles são os personagens principais na criação da espécie humana da Terra.


Voltando, agora, ao planeta negativo de Sírio, a Terra tem uma tradução análoga daquela filosofia. A prática que se denomina “magia negra” ou “arte negra” tem suas raízes na filosofia dos sírios negativos. Na cultura egípcia, a organizada devoção às forças negativas teve lugar nos templos de Set, onde existiam, também, sacerdotes dedicados, especificamente, a essas artes negras.

Esta filosofia rejeita a ideia de uma nova inserção no tecido universal. Aqueles que praticam essa filosofia se consideram únicos, egocêntricos e separados de todos os demais. A ilusão que criaram é a não aceitação da responsabilidade de seus atos. Com frequência, por causa disso, custam-lhes muitas vidas, muitas lições, para reconhecer que seus atos e suas crenças fundamentam a própria realidade da qual tentam escapar.

Muitas destas primeiras consciências, procedentes de fora do planeta, que interatuam com a humanidade, haviam permitido que suas energias e suas “histórias” evolucionassem até converter-se em arquétipos para a Terra.

Suas objetividades se resumem no controle. Se não podem controlar aos outros, se sentem como se não existissem... e lhes atemoriza a não existência.

Por este motivo têm intentado interferir no desenvolvimento da Terra desde o princípio. Iguais aos insetos nocivos são um estorvo.

Só se encontrarão indivíduos que não têm nenhum sentido de seu próprio poder naquelas estruturas de poder da Terra que se baseiam no medo ou na impotência. Eles não têm nenhuma influência se a pessoa não permitir. Ao final, tudo se resume em reconhecer o próprio poder.

A última representação concernente a manifestações contemporâneas da energia de Sírio tem a ver com a aparição de extraterrestres, tal como se explica na literatura sobre ovni. Na maioria dos casos, as experiências extraterrestres severamente negativas, como a mutilação de gado e os “Homens de Negro”, estão conectadas com o grupo negativo de Sírio (e Órion).

Na realidade, geram mais medo do que danos.

Às vezes, os sírios físicos (e os de Órion) podem romper as camadas de proteção do sistema solar e tentar provocar o caos.

Ao pesquisar antigos textos sumérios que fazem referência à história antiga e à natureza dos conflitos entre os deuses, percebe-se, claramente, que a terra (em conjunto ou em parte) estava envolvida nas disputas territoriais com diversos grupos em diferentes épocas. Com frequência se pergunta do por que os sírios estavam tão implicados no desenvolvimento da Terra.

Se, realmente, for certo que Sírio é um grupo ternário de estrelas (tal como sugere a tradição astronômica dos Dogon), é possível que o Sol (o sol da Terra) seja, ou tenha sido, em algum momento, a terceira estrela ?

Se isto for certo, a Terra poderia ter sido parte da disputa territorial entre os sírios desde o mesmíssimo começo. Isto explicaria porque os sírios negativos consideram que é de seu direito fazer, na Terra, o que lhes pareça, e por que levantam o dedo acusador a outros extraterrestres que interferem, erroneamente, nos assuntos internos de Sírio, criando, deste modo, muitas lutas históricas.

Atualmente, o Sol só está a 8,7 anos luz do sistema de Sírio e tem sido considerado, pelos astrônomos, parte de nossa família estelar local.

Muito dos antigos sírios eram bastante hábeis no manejo da engenharia genética. Durante a infusão da Terra, os sírios físicos implantaram um código oculto de DNA nos primeiros humanos. Quando os seres da Terra, como raça, chegam a uma determinada frequência vibratória, este código se dispara.

Provavelmente, o que vemos na Terra, em termos de despertamento espiritual, que vem acontecendo desde os anos 1960, como o movimento New Age – Nova Era – apresentando desdobramentos de diferentes tendências na busca consciencial, seja efeito desse código acima mencionado. Desde aquela década os indivíduos passaram a buscar mais em Si as respostas por suas idiossincrasias interiores, e não mais nas tradicionais religiões e cultos. Esse código ajudará aqueles que vivem na Terra a recordar o passado galáctico da humanidade.

Os sírios negativos contemporâneos têm evitado, estoicamente, passar à quarta densidade devido ao medo da não existência. Temem que se a Terra conseguir esta transição, eles também terão que passar e deixarão de existir.

Esse “medo da não existência” pode ser comparado ao medo que esmagadora maioria dos terráqueos encarnados têm da transição chamada morte. Para as pessoas que não conhecem a existência das demais densidades – ou demais realidades existenciais – a morte significa o fim. A não existência, ou o findar da existência. Mesmo com a pregação das religiões tradicionais dizendo que com a morte do corpo físico a alma se transfere ao céu, ou ao inferno, conforme o caso, os adeptos dessas religiões não olham isso com muita confiança. Eles acreditam que se mantiverem a sociedade encerrada no medo, a Terra não conseguirá efetuar essa mudança.

De um modo geral, não podem determinar o destino da humanidade, já que os habitantes terrestres têm mais poder do que suspeitam os sírios negativos. Não obstante, continuarão nesse contexto. Não conhecem outra maneira.

“A sociedade encerrada no medo” – isso é muito significativo. Basta analisar o teor central dos ensinamentos das religiões tradicionais, mormente as cristãs. Seus ensinamentos se baseiam na disseminação do medo. Medo de um “Deus” severo, vingador, punindo uns e privilegiando outros. O despertamento que vem se dando desde os anos 1960 investe no contrário disso. Ou seja, privilegia o Auto Conhecimento, a auto confiança e a auto ajuda. Resumindo, é o indivíduo e ele mesmo, alçando-se ao seu EU interior. O Deus interior que todos possuem. É a derrocada do medo. É o despertar da coragem.

Não importa se se trata de extraterrestres físicos ou energias arquetípicas. A identidade dos sírios está entrelaçada com a da humanidade. Esta é rica em conhecimentos e também em desafios.

Deve-se sempre recordar que Sírios é uma Tríade, e não esquecer, jamais, o que isto representa – a integração das polaridades – e este é o destino da Terra.

(Texto: Luiz Antonio Brasil - CONTINUA )







16 de setembro de 2013

A GRANDE MORADA VI





3 - O útero de Lira
“Quando eu me tornei”, disse ele, “começou o começo. Eu me converti no começo. Eu me vejo a mim mesmo, dividido. Eu sou dois e quatro e oito. Eu sou o universo e sua diversidade. Eu sou minha transformação. Este é meu encontro. Aqui, meus eus se convertem em um só.” Livro Egípcio dos Mortos Tradução de Ellis.

Do ponto de vista de uma realidade que pode ser percebida pelos seres físicos, o corpo dos Fundadores tem dois braços, duas pernas, uma cabeça e um dorso. Tem grandes olhos inquisidores que representam, simbolicamente, o desejo de adquirir conhecimento e refletem, também, as velhas memórias que contêm.

(Esquematização da morfologia dos Fundadores. A fragmentação consciencial do Todo no esquema vivencial do sistema de Lira).
Seres físicos os percebem como insetos, muito altos e com longas e elegantes pernas (Na simbologia dos sonhos, os Fundadores podem se converter em figuras que parecem grandes insetos, similares aos louva-a-deus, mancos para caminhar, e inclusive, saltitantes).

Os humanos da terceira densidade podem vê-los se entrarem num padrão acelerado da quarta densidade. As interações com eles, normalmente, acontecem num estado alterado de consciência. Nesta modalidade de visão parecem etéreos como saídos de um sonho.

Uma vez fragmentada sua consciência, algum tempo depois os Fundadores começaram a converter a energia em matéria. Isto criou um protótipo de raça física segundo o qual a maioria das consciências humanoides se encarnariam. A níveis meta-atômicos, existem códigos de organização que criam um corpo humanoide consistente e baseado no carbono como veículo para a representação física da consciência. Esta ideia é encontrada no trabalho de Rupert Sheldrake que trata das ressonâncias módicas, que indicam a existência de campos energéticos que organizam todas as formas. Esses campos podem transferir características a aspectos «não relacionados» de uma mesma espécie e que não, necessariamente, têm que existir em uma proximidade física.

Os Fundadores utilizaram esses códigos, que dão forma natural, para criar versões de si mesmos, tanto no estado físico como no estado não físico. Essa maneira reflete, simbolicamente, os aspectos do universo polarizado no qual haviam entrado. De novo podemos dizer que os “pais” criam aos “filhos” segundo sua própria imagem.

Os Fundadores são os avós energéticos da raça humana. Seu desejo foi o de manifestar diferentes aspectos dimensionais de si mesmo. Isso originou formas básicas de vida que, por sua vez, facilitariam o processo de criar diversidade dentro de uma nova realidade que acabava de nascer deles. Eles são, ao mesmo tempo, a origem e o protótipo.

Como eles surgiram nessa forma de luz devido a densificação de energia, tornaram-se conscientes de que toda forma de vida evolucionará, num tempo inimaginável, para voltar a converter-se nos Fundadores, e, posteriormente, na Fonte.

A consciência se fragmentará e se dispersará, às vezes para além do reconhecível, mas sempre evolucionará de tal forma para voltar a ser a Fonte, tanto física como mental, emocional e espiritualmente.



Assim, os Fundadores começaram o primeiro passo do processo de fragmentação. A primeira ação consistia em elaborar os planos necessários para espalhar vida por todo o sistema de Lira. Sabiam que ao longo do tempo, as formas de vida gravitariam, de maneira natural, convertendo-se em civilizações planetárias devido à lei de atração.

Dentro do grupo de Lira escolheram planetas para que acolhessem estas novas raças. À medida que estes planetas começaram a desenvolver de forma natural a vida primata, os Fundadores implantaram naqueles animais, em via de desenvolvimento, energia de plasma (Energia altamente condensada que se manifesta como luz) a níveis meta-atômicos dentro de suas estruturas de DNA.

Isto acontecera ao longo de muitas gerações até que os primatas/humanoides possuíram a genética necessária para manter uma vibração tão alta como a da consciência da terceira densidade.

Com pequenas alterações, o processo de encarnação estava prestes a começar em vários corpos planetários.

Os Fundadores se fragmentaram ainda mais para liberar a consciência necessária para encarnar nesses planetas.

Durante essa fragmentação, cada consciência foi trasladada a um planeta específico no qual a vibração era mais compatível com o fragmento individual.

Como já foi mencionado em capítulos anteriores, o padrão base da consciência que se fragmentou através do Prisma de Lira pode ser considerado como uma tríade, quer dizer, uma polaridade, seu oposto e o ponto de integração.

Os Fundadores observaram como surgiu este fluxo natural da energia da base das espécies em vias de desenvolvimento. Esses diferentes grupos planetários foram, a princípio, homogêneos; todavia não manifestaram, claramente, nenhum aspecto especial de padrão.

Conforme o tempo passava e a interação entre os indivíduos, e grupos, aumentava, muitos grupos se polarizaram em sua orientação negativa ou positiva (Essas orientações negativas/positivas não são qualificações. É apenas a representação da ideia de polos, iguais, mas possuindo energias opostas). Alguns deles começaram a mostrar diferentes graus de integração. Era um cenário esperado pelos Fundadores. Não obstante, esta fase começou a ter vida própria. Quando o processo cresceu exponencialmente, os Fundadores começaram a ver os infinitos reflexos do Todo, algo que, até certo ponto, os inquietou.

Nestes dois parágrafos anteriores os autores querem dizer que da fragmentação dos Fundadores, as raças derivadas só a princípio se mostraram homogêneas, isto é, iguais.

Com o passar das gerações esta homogeneidade foi se desfazendo porque porções de uma mesma raça se via atraída pela polaridade negativa enquanto outra porção pela polaridade positiva.

Em decorrência disso ficou visível que essa dispersão tenderia a aumentar, como ocorreu, e muitas outras diferentes raças se formariam.

Atentem, porém, pelo que cita a nota 7, acima, de que os fatores negativo e positivo não são qualificações – mau e bom, por exemplo – mas apenas indicam polos que, em essência são iguais porém possuindo energias contrárias.

Vejam nisso, por exemplo, a constituição do átomo que é composto por dois polos, se assim podemos chamar, do núcleo – polaridade positiva – e dos elétrons – polaridade negativa, contudo ambos os polos contribuem para a mesma finalidade, que é a constituição de algo mais específico, a que chamamos matéria.

No caso das raças, nessa analogia do átomo, a contribuição dos polos é para a finalidade da constituição dos Seres. Sigamos com o texto do livro.

Como esses grupos evoluíram e alcançaram as viagens espaciais, eles se expuseram ao desenvolvimento de outros grupos planetários dessa mesma área. As culturas começaram a mesclar-se e a crescer. Nasceram novas filosofias.

Durante uma época, as raças liranas desenvolveram, rapidamente, uma tecnologia avançada, uma filosofia de expansão e um forte desenvolvimento social devido à interação entre essas culturas planetárias. Foi, então, quando se podia apreciar, claramente, as dinâmicas dos padrões.
A polaridade começou a firmar-se gerando sua própria polarização que, por sua vez, continuou polarizando exponencialmente.

As polaridades negativas se dividiram e manifestaram seus próprios polos negativos/positivos. Os polos positivos fizeram o mesmo.

O feminino expressou sua parte masculina e o masculino sua parte feminina. As Polaridades dividiram-se como se fossem vírus nas civilizações anteriormente florescentes.

A figura anterior representa o desdobramento das polaridades. A Negativa em suas duas contrapartes: negativa e positiva; a Positiva em positiva e negativa. Este detalhe é muito importante ter em mente porque por toda a existência todos os Seres, sem exclusão, possuem duas polaridades.

Os de tendência negativa possuem a predominância da polaridade negativa, mas têm, também, em menor escala, influência da polaridade positiva. Os de tendência positiva se situam ao contrário; predominância da positiva e menor incidência da negativa.
Isso é válido para dizer que nós, por exemplo, temos: o Homem, em predominância a polaridade masculina e em menor escala a polaridade feminina; a Mulher, em predominância a polaridade feminina e em menor escala a polaridade masculina.

Disso resulta a ciclagem encarnatória que, numa existência, o espírito anima um corpo masculino e noutra, este mesmo, animará um corpo feminino, sem que, contudo perca sua magna identidade de Ser Cósmico. Vejam o que cita o parágrafo a seguir.

O simples jogo de espelhos que os Fundadores haviam criado quebrou em fragmentos infinitos. Eles haviam perdido o contato direto com muitas “janelas” genéticas (seres físicos) que eles mesmos haviam criado. Esses seres físicos haviam adquirido vida própria, embora os programas originais seguissem sendo um fator subjacente que influenciava o desenvolvimento.
O primeiro grupo a desenvolver-se, especificamente, como espécie não lirana foi a civilização de Veja (Vega é a estrela alfa (a mais brilhante) da constelação de Lira).

Esta criou uma filosofia altamente distinta e também uma orientação espiritual diferente. Além disso, começou a isolar-se das raças liranas. Inicialmente foi uma civilização de orientação negativa, expressando-se como polo negativo de Lira, já que havia adotado uma filosofia de servir-se a si mesma (contração). A própria Lira pode ser considerada como o polo positivo, posto que todas as demais civilizações “nasceram” dela (expansão). Servir-se a si mesma: é o processo de exacerbação do egoísmo, seja individual ou racial. Conforme o tempo passava, crescia o atrito entre os seres das raças lirana e a civilização de Vega.

Nenhum grupo estava progredindo em seu caminho de integração. Ambos albergavam, dentro de si, o conflito de polaridade. Nenhum grupo estava no certo ou no errado; todos representavam as mesmas ideias, só que as viam de modos diferentes. Simplesmente, eles não foram capazes de equilibrar suas energias. A polaridade seguia crescendo exponencialmente ao mesmo tempo em que rivalizavam com suas civilizações e com eles mesmos.

“Nenhum grupo estava no certo ou no errado; todos representavam as mesmas ideias, só que as viam de modos diferentes.“ – É interessante analisar esta frase porque podemos ver esta mesma situação aqui na Terra no convívio entre as nações. Todas têm as mesmas ideias, que é o bem estar de seu povo, porém veem isso de formas diferentes.

Exemplo: o bem estar de um povo poderá ser a infelicitação de outra nação, pois a mais poderosa poderá, na sua ambição de servir a si mesma, provocar guerra contra a outra.

Uma terceira civilização começou a surgir das raças de Lira.

Como o planeta em que esta civilização se formou era o ápice de um simbólico triângulo de integração (representando ambas as polaridades, a negativa e a positiva), esse planeta pode ser chamado de “Apex”, durante essa fase de seu desenvolvimento.

Mais tarde, tudo isto viria a se converter numa peça muito mais complexa dentro do quebra cabeça galáctico.

O planeta Apex começou sua civilização atraindo características das polaridades tanto de Lira como de Vega. Geneticamente, era uma mistura.

Em suas raízes a diversidade foi ainda maior que em nossa Terra atual. Havia pessoas de pele escura e outras de pele clara, pacifistas e conquistadores, artistas, músicos e soldados. Mesmo em comparação com nossa raça terrestre, eles não coexistiram pacificamente para nada.

No seio dessa cultura começaram a se dar separações até que o planeta inteiro esteve envolto no atrito das polaridades. Não se via solução alguma. O futuro desse planeta, Apex, parecia não oferecer nenhuma possibilidade de esperança – imprevisivelmente permitiram que a poluição e as armas quase destruíssem seu mundo.

A citação do parágrafo acima se parece muito com o contexto existencial em nossa Terra. Também, como civilização, não estamos conseguindo nos integrar de forma que as diferenças estão se tornando cada vez maiores. No que resultará isso ?

Quando se forçam as polaridades opostas, estas não se integram, apenas causam uma fusão. Essa fusão de manifestou em Apex na forma de uma guerra nuclear.

Um pequeno grupo de habitantes se salvou protegendo-se sob a terra, mas os demais morreram devida sua própria incapacidade de integração.

O que sucedeu em escala planetária é bastante interessante. De um ponto de observação do espaço, parecia que o próprio planeta estava se autodestruindo.

Do ponto de vista dos sobreviventes que haviam se protegido sob a terra, eles se sentiram em condições de continuarem a existência.

Como resultado das explosões nucleares seu planeta foi lançado a outra dimensão.

Depois do cataclismo a radiação se manteve bastante alta, obrigando aos sobreviventes a continuar vivendo em seus abrigos sob a terra.

Quando se recuperaram desse trauma emocional, chegou o momento de recolher as peças danificadas de suas vidas. Seu novo desenvolvimento e sua incrível transformação serão descritas em futuros capítulos, já que é uma parte importante, não só na transformação do planeta Terra, como para toda a Família Galáctica, inclusive aos Fundadores.

Entretanto, as raças de Lira e Vega seguiram seus desenvolvimentos. Grupos de liranos desejaram retirar-se das divergências com Vega, de modo que buscaram outras áreas para coloniza-las. Também grupos de habitantes de Vega escaparam dos conflitos de seu planeta e fundaram umas quantas civilizações, incluídas a civilização de Altair e a de Centauro, (desta última não falaremos aqui).

Desse modo, desapareceram as linhas claras de uma determinada filosofia e de uma história genética.

A humanidade foi, rapidamente, espalhada, levando consigo as sementes de experiência e polaridade.

A meta sempre esteve presente, enterrada profundamente nas almas de cada ser, e essa meta os empurrava suavemente para frente.

A meta era, e continua sendo, a integração.

Fica claro que o começo da entrada na polaridade não foi nada fácil para os Fundadores. Eles haviam criado uma equação que esperavam que desse resultados segundo seus cálculos.

Tal como acontece com a nova ciência do caos, o movimento de energia entre essas três civilizações, (Lira, Vega e Apex) se tornou imprevisível para os Fundadores, e toda a Família Galáctica não pode fazer outra coisa que ficar quieta e observar, sabendo que mesmo dentro do caos existe uma ordem, uma ordem divina.

Estas primeiras lições foram impressas na memória etérea da humanidade para servir de lembrete de tudo que foi e de tudo o que pode vir a ser no futuro.

A humanidade jamais está só em sua luta.

Os Fundadores ainda estão esperando, silenciosamente.

Não só existem “lá fora”, mas também dentro da alma da humanidade como arquétipo mais básico.

A figura representa a presença dos Fundadores na continuidade, ininterrupta da vida. O que, em nossos conceitos, classificamos de erro comportamental ainda persiste na civilização da Terra. São os reflexos do que está descrito nos três parágrafos anteriores, pois tudo isso está impresso na memória etérea de cada um de nós. Reflexo daqueles conflitos que em escala menor somos desafiados a enfrentar no nosso viver familiar. E, em escala maior, o que vemos no jogo de interesses entre as nações.

Todavia, eles, os Fundadores, de algum lugar, nos observam, e aguardam porque, possuímos nosso Livre Arbítrio e é no uso da livre decisão que teremos de “consertar” tudo, e não na acomodação de ficar esperando que as soluções caiam dos “céus”. Êta gentinha preguiçosa tem sido esta da Terra.

O ciclo de vida e existência é, meramente, um círculo; o princípio e o fim são os mesmos. Quando a humanidade sente o chamado da evolução, o que sentem é o sussurro dos Fundadores através da expansão do tempo e da dimensão. Eles são uma parte da humanidade falando para si mesma.

Talvez tenha chegado o momento de escutar.

(Texto: Luiz Antonio Brasil - CONTINUA )

10 de setembro de 2013

O LIVRO PERDIDO DE ENKI XIII



A QUINTA TABULETA

O carro partiu do planeta Lahmu; continuou sua viagem para a Terra. Deram voltas ao redor da Lua, para ver se dava para fazer ali uma estação de passagem. Deram voltas ao redor da Terra, desacelerando para uma amerissagem.

Nungal fez descender o carro nas águas, junto ao Eridú. Desembarcaram em um cais construído por Enlil; já não faziam falta as embarcações.

Enlil e Enki receberam com abraços a sua irmã; com Nungal, o piloto, estreitaram os braços. Os heróis, homens e mulheres, foram recebidos com vitória pelos igigi presentes.

Tudo o que levava o carro se descarregou com rapidez: naves espaciais e naves celestes, e as ferramentas desenhadas por Enki, e provisões de todo tipo.

De tudo o que ocorria em Nibiru, da morte e o enterro de Alalu, falou Ninmah a seus irmãos; da estação de passagem do Lahmu e do comando de Anzu lhes falou.

Enki expressou sua aprovação a isto, Enlil expressou palavras de desconcerto. É uma decisão de Anu, sua palavra é inalterável!, disse Ninmah a Enlil.

Trouxe alívio para as enfermidades, disse Ninmah a seus irmãos. Tirou de sua bolsa um pacote de sementes, sementes para serem
plantadas na terra; multidão de matagais brotarão das sementes, e produzirão frutos suculentos.

Com o suco se fará um elixir, será bom para que o bebam os igigi.
Isto afugentará as enfermidades!

Terá que semear as sementes em um lugar fresco, necessitam de calor e água para alimentar-se!

Assim falou Ninmah a seus irmãos. Vou lhe mostrar um sítio perfeito para isso!, disse-lhe Enlil. É onde se construiu o Lugar de Aterrissagem, onde construí uma morada de madeira de cedro! Na nave celeste de Enlil se remontaram no céu os dois, Enlil e Ninmah; Irmão e irmã foram até o Lugar de Aterrissagem, nas montanhas cobertas de neve, junto ao bosque de cedros.

Na grande plataforma de pedra aterrissou a nave celeste, foram à morada de Enlil. Uma vez dentro, Enlil a abraçou, com ardor beijou a Ninmah.

OH, irmã minha, minha amada!, sussurrava Enlil. A tomou por sob seu ventre, não derramou o sêmen em seu útero.

De nosso filho, Ninurta, trago-te notícias!, disse-lhe brandamente Ninmah. É um jovem príncipe, está disposto para a aventura, está preparado para unir-se a ti na Terra! Se ficar você aqui, que tragam Ninurta, nosso filho!, disse-lhe Enlil.

Os igigi foram chegando ao Lugar de Aterrissagem, as naves celestes levavam naves espaciais até a plataforma. Da bolsa de Ninmah se tiraram as sementes, semearam-se nas terras do vale.

Um fruto de Nibiru cresceria na Terra! Na nave celeste, Enlil e Ninmah voltaram para o Eridú.

No caminho, Enlil lhe mostrou a paisagem, mostrou-lhe o Edin em toda sua extensão, dos céus, Enlil lhe explicou seus planos. Desenhei um plano imperecível!, dizia-lhe.

Dispus o que determinará sua construção para sempre; longe do Eridú, onde começa a terra seca, estará minha residência, Laarsa será seu nome, se converterá em um lugar de comando.

À beira do Burannu, o Rio de Águas Profundas, estará localizada, uma cidade que surgirá no futuro, nomearei-a Lagash.

Entre as duas, nas planícies, risquei uma linha, a sessenta léguas dali, haverá uma cidade, será sua própria cidade, Shurubak, a Cidade Refúgio a nomearei.

Na linha central estará localizada, dirigirá por volta da quarta cidade; Nibru-ki, Lugar do Cruzamento da Terra a nomearei, estabelecerei nela um Enlace Céu-Terra.

Albergará as Tabuletas dos Destinos, controlará todas as missões! Junto ao Eridú, somarão cinco cidades, existirão para toda a eternidade! Em uma tabuleta de cristal, Enlil mostrou a Ninmah seu plano; na tabuleta, ela viu mais marcas, sobre elas perguntou a Enlil.

Além das cinco cidades, construirei no futuro um Lugar do Carro, para que chegue diretamente de Nibiru à Terra!, respondeu-lhe Enlil. Então compreendeu Ninmah por que o desconcerto de Enlil ante os planos de Anu sobre o Lahmu.

Irmão meu, é magnífico seu plano para as cinco cidades!, disse-lhe Ninmah.

A criação de Shurubak, uma cidade de cura, como minha morada, para mim mesma, é algo pelo que estou agradecida; além desse plano, não transgrida a seu pai, não ofenda tampouco a seu irmão! É tão sábia como formosa!, disse-lhe Enlil.

No Abzu, Enki também estava concebendo planos, onde construir sua casa, onde preparar moradas para os igigi, por onde entrar nas vísceras da Terra.

Em sua nave celeste, mediu a extensão do Abzu, inspecionou cuidadosamente suas regiões. O Abzu era uma terra distante, estava além das águas do Edin; era uma terra rica, transbordante de riquezas, perfeita em sua totalidade.

Poderosos rios atravessavam a região, grandes águas discorriam rapidamente; uma morada junto às águas correntes fez Enki para si mesmo, no meio do Abzu, em um lugar de águas puras ficou Enki a si mesmo. Nessa terra, Enki determinou o Lugar da Profundidade, para que os igigi descendessem às vísceras da Terra. Ali pôs Enki o Agrietador de Terra, para com ele lhe fazer um corte à Terra, chegar por meio de túneis às interioridades da Terra, descobrir as veias douradas.

Muito perto, convocou O-que-parte e O-que-tritura, para partir e triturar o mineral aurífero, para transportá-lo em naves celestes, levá-lo a Lugar de Aterrissagem nas montanhas de cedros, de ali transportá-lo à estação de passagem do Lahmu com naves espaciais. Mais igigi foram chegando à Terra, uns eram atribuídos ao Edin, a outros lhes davam trabalhos no Abzu.

Enlil construiu Laarsa e Lagash, fundou Shurubak para Ninmah. Um exército de curadoras vivia ali com ela, as jovens que dão auxílio. No Nibru-ki, Enlil estava ensamblando um Enlace Céu-Terra, para comandar todas as missões de ali.

Enki viajava entre o Eridú e o Abzu, ia e vinha para fiscalizar. No Lahmu, a construção seguia progredindo; também foram chegando os igigi para a Estação de passagem.

Um Shar, dois Shars duraram os preparativos; então, Anu deu a palavra. Na Terra, era o sétimo dia, um dia de descanso decretado por Enki no princípio. Em todas as partes, os igigi se reuniram para escutar uma mensagem de Anu irradiado desde o Nibiru; No Edin se reuniram, Enlil estava ali ao mando.

Com ele, estava Ninmah; seu exército de jovens estavam a seu lado reunidas. Alalgar, senhor do Eridú, estava ali; Abgal, que comandava o Lugar de Aterrissagem, também estava.

No Abzu estavam reunidos os igigi, ante o olhar de Enki se encontravam. Com Enki, estava seu vizir Isimud; Nungal, o piloto, também estava. No Lahmu, estavam reunidos os igigi; com seu orgulhoso comandante, Anzu, estavam. Seiscentos havia na Terra, trezentos se reuniam no Lahmu.

Em total, foram novecentos os que escutaram as palavras de Anu, o rei: Igigi, vós são os salvadores de Nibiru! A sorte de todos está em suas mãos!

Seus frutos serão recordados por toda a eternidade, lhes chamará com nomes gloriosos. Os que estão na Terra serão conhecidos como Anunnaki, Os Que do Céu à Terra Vieram!

Os que estão no Lahmu, serão nomeados Igigi, Os Que Observam e Veem serão! Tudo o que faz falta está disposto: Que comece a chegar o ouro, que se salve Nibiru!

Vem agora o relato de Enki, Enlil e Ninmah, de seus amores e esponsais, e das rivalidades por seus filhos. Os três líderes eram descendentes de Anu, de diferentes mães nascidos. Enki foi o Primogênito; uma concubina de Anu foi sua mãe.

Enlil, de Antu, a esposa de Anu, nasceu; convertendo-se assim no Herdeiro Legal. Ninmah foi filha de outra concubina, sendo meio-irmã dos dois meio irmãos.Era a Primogênita de Anu, isto ficava indicado por seu título-epípeto de Ninmah. Era extremamente formosa, cheia de sabedoria, rápida em aprender.

Ea, como chamava então a Enki, foi eleito por Anu para que se casasse com Ninmah, pelo qual o filho de ambos se converteria a partir de então no sucessor legal.

Ninmah estava apaixonada por Enlil, um arrojado comandante; ela se deixou seduzir por ele, em seu ventre derramou ele sua semente, da semente de Enlil, ela teve um filho; Ninurta nomearam-lhe os dois. Anu se enfureceu com o ocorrido; como castigo, proibiu a Ninmah que se casasse com ninguém!

Ea abandonou a que, por decreto de Anu, tinha que ser sua noiva; e se casou em seu lugar com uma princesa chamada Damkina; um filho, um herdeiro, nasceu-lhes; Marduk lhe puseram por nome, que significava O Nascido em um Lugar Puro. E quanto a Enlil, não tinha filho algum por matrimônio, não tinha a seu lado uma esposa.

Foi na Terra, não em Nibiru, onde Enlil se casou; sua história é a história de uma violação, de um exílio e de um amor que trouxe o perdão, e de mais filhos que não foram mais que meio-irmãos. Na Terra, era verão; Enlil se retirou a sua morada no bosque de cedros. Pelo bosque de cedros ia Enlil passeando quando refrescava o dia; em uma fria corrente de montanha, estavam se banhando umas jovens de Ninmah atribuídas ao Lugar de Aterrissagem. Enlil ficou enfeitiçado pela beleza e a graça de uma delas, Sud era seu nome.

Enlil a convidou a sua morada no bosque de cedros: Vem e bebe comigo do elixir do fruto de Nibiru que cresce aqui!, disse-lhe a ela.

Sud entrou na morada de Enlil; em uma taça, ofereceu-lhe Enlil o elixir. Sud bebeu, Enlil também bebeu; Enlil lhe falou de relações sexuais. Não estava disposta a moça. Minha vagina é muito pequena, não conhece a cópula!, disse a Enlil.

Enlil lhe falou de beijos; não estava disposta a moça: Meus lábios são muito pequenos, não conhecem os beijos!, disse a Enlil. Enlil se pôs-se a rir e a abraçou, ele riu e a beijou; Seu sêmen derramou em sua matriz!

A Ninmah, o comandante de Sud, lhe informou da imoral ação. Enlil, o imoral! Por sua ação, terá que confrontar um julgamento! Assim lhe disse enfurecida Ninmah. Em presença de cinquenta Anunnaki, reuniram-se os Sete Que Julgam, os Sete Que Julgam decretaram um castigo para Enlil:

Fique banido Enlil de todas as cidades, seja exilado a uma Terra Sem Retorno!

Em uma câmara celeste lhe fizeram abandonar o Lugar de Aterrissagem; Abgal era seu piloto.

A uma Terra Sem Retorno lhe levou, para não voltar jamais! Os dois viajaram na câmara celeste, a outra terra se dirigiram.
Ali, em meio de inóspitas montanhas, em um lugar de desolação, aterrissou Abgal a câmara celeste.

Este será seu lugar de exílio!, disse Abgal a Enlil. Não por acaso o escolhi!, disse a Enlil. Há oculto aqui um segredo de Enki; em uma cova próxima, Enki ocultou sete Armas de Terror, tirou-as do carro celestial de Alalu.

Toma posse das armas, com as armas conseguirá a liberdade! Assim lhe disse Abgal seu comandante; um segredo de Enki revelou a Enlil!

Logo, Abgal partiu do lugar secreto; Enlil ficou ali sozinho. No Edin, Sud falou com Ninmah, sua comandante:

Da semente de Enlil estou grávida, concebi em minha matriz a um filho de Enlil!

Ninmah transmitiu a Enki as palavras de Sud; ele era o Senhor da Terra, na Terra era supremo!

Convocaram a Sud ante os Sete Que Julgam: Tomará a Enlil como marido?, perguntaram-lhe. Ela pronunciou palavras de consentimento; Abgal transmitiu as palavras a Enlil em seu exílio. Enlil voltou de seu exílio para casar-se com Sud; deste modo, Enki e Ninmah lhe deram o perdão.

Sud foi declarada esposa oficial de Enlil; lhe concedeu o título-epípeto de Ninlil, Dama do Mandato. Depois disso, um filho nasceu a Ninlil e Enlil; Nannar, o Brilhante, chamou-lhe Ninlil. Foi o primeiro dos Anunnaki em ser concebido na Terra, um da semente real de Nibiru nascido em um planeta estranho! Foi depois disto que Enki falou com Ninmah: Vem comigo ao Abzu!

No meio do Abzu, em um lugar de águas puras, construí uma morada. Com um metal brilhante, prata é seu nome, embelezei-a, com uma pedra de um azul profundo, lápis lázuli, está adornada; vem, Ninmah, vem comigo, abandona sua adoração por Enlil!

Ao Abzu, à morada de Enki, viajou Ninmah; ali, Enki lhe falou palavras de amor, de parecer um para o outro, doces palavras lhe sussurrou. Segue sendo minha amada!, disse-lhe acariciando-a. Abraçou-a, beijou-a; ela fez que seu falo transbordasse.

Enki derramou seu sêmen na matriz de Ninmah. Me dê um filho! Me dê um filho!, gritava. Ela acolheu o sêmen em sua matriz, o sêmen de Enki a fecundou. Um dia de Nibiru era um mês da Terra para ela, dois dias, três dias, quatro dias de Nibiru, eram como meses da Terra, cinco, seis, sete e oito dias de meses se completaram; a conta novena da maternidade se culminou; Ninmah estava de parto.

Deu a luz a uma menina; a recém-nascida era fêmea; à beira do rio, no Abzu, nasceu uma filha de Enki e Ninmah! Enki estava decepcionado com a menina. Beija à pequena!, dizia-lhe Ninmah. Beija à pequena!, disse-lhe Enki a seu vizir Isimud: Eu desejava um filho, hei de ter um filho de minha meio-irmã! De novo beijou a Ninmah, pelo ventre tomou, seu sêmen derramou em seu matriz.

De novo deu a luz ela, de novo uma filha deu a Enki. Um filho, um filho tenho que ter um filho contigo!, gritava-lhe Enki a Ninmah.

Depois do qual, Ninmah pronunciou uma maldição sobre Enki, que todo alimento seja veneno em suas vísceras; que lhe doa a mandíbula, que lhe doam os dentes, que lhe doam as costelas. Isimud convocou aos Anunnaki, a Ninmah o rogavam alívio.

Distanciar-se da vulva de Ninmah jurou Enki com o braço em alto; um a um, os achaques o tirou, Enki se liberou da maldição dela. Ninmah voltou para o Edin, para não casar-se nunca; a ordem de Anu se cumpriu! Enki trouxe para a Terra a sua
esposa Damkina e a seu filho Marduk; Ninki, Dama da Terra, lhe concedeu a ela por título.

Enki teve cinco filhos mais, dela e de concubinas, estes foram seus nomes: Nergal e Gibil, Ninagal e Ningishzidda, e Dumuzi o mais jovem. Enlil e Ninmah trouxeram para a Terra a seu filho Ninurta, com sua esposa Ninlil, teve Enlil um filho mais, um irmão de Nannar; Ishkur foi seu nome.

Três filhos em total teve Enlil, nenhum nascido de concubinas, Dois clãs se estabeleceram assim na Terra; suas rivalidades levaram às guerras.

Vem agora o relato do motim dos Igigi, e de como deu morte ao Anzu, em castigo por roubar as Tabuletas dos Destinos.
Do Abzu, levava-se o ouro das veias da Terra até o Lugar de Aterrissagem, dali, os Igigi o transportavam de naves espaciais até a estação de passagem no Lahmu.

Do planeta Lahmu, o metal precioso se levava ao Nibiru em carros celestiais; no Nibiru, o ouro se convertia no mais fino pó, empregava-se para proteger a atmosfera.Lentamente se curou a brecha nos céus, lentamente se salvou Nibiru!

No Edin, as cinco cidades se aperfeiçoaram. Enki fez uma morada deslumbrante no Eridú, da terra a elevou para o céu, como uma montanha a elevou por cima do chão, em um bom lugar a construiu.

Sua esposa Damkina morava nela; e ali ensinou Enki a sabedoria a seu filho Marduk.

Enlil estabeleceu no Nibru-ki o Enlace Céu-Terra, era digno de ver.

Em seu centro, um alto pilar o mesmo céu alcançava, ficou sobre uma plataforma que não se podia derrubar; com isto, as palavras de Enki chegavam a todos os assentamentos, em Lahmu e no Nibiru se podiam escutar. Dali se elevaram raios, podiam procurar no coração de todas as terras; seus olhos podiam explorar todas as terras, sua rede fazia impossível uma aproximação não desejada.

Em sua elevada casa, uma câmara como uma coroa era o centro,olhava com atenção os céus distantes; olhava fixamente para o
horizonte, aperfeiçoou o zênite celestial. Em sua santificada câmara escura, com doze emblemas estava marcada a família do Sol, nos ME estavam registradas as fórmulas secretas do Sol e a Lua, Nibiru e a Terra, e os oito deuses celestiais.

As Tabuletas dos Destinos emitiam seus tons de cores na câmara, com elas, Enlil fiscalizava todas as idas e vindas.

Na Terra, os Anunnaki trabalhavam sem descanso, queixavam-se do trabalho e do sustento. Estavam transtornados pelos rápidos ciclos da Terra, e do elixir só se davam-lhes pequenas rações. No Edin, os Anunnaki trabalhavam sem descanso; no Abzu, o trabalho era ainda mais extenuante. Por equipes, enviavam-se Anunnaki de volta ao Nibiru; por equipes, outros novos chegavam.

Os Igigi, que moravam no Lahmu, eram os que mais ruidosamente se queixavam: demandavam um lugar de descanso na Terra, para quando desciam de Lahmu à Terra.

Enlil e Enki intercambiaram palavras com Anu, ao rei consultaram:

Deixem que o líder vá à Terra, discutam com o Anzu! Assim lhes disse Anu. Anzu descendeu dos céus à Terra, entregou os términos das queixa a Enlil e Enki.

Deixa que Anzu conheça o mecanismo!, disse Enki a Enlil. Eu lhe mostrarei o Abzu, lhe revele você o Enlace Céu-Terra!
Enlil consentiu com as palavras de Enki.

Enki mostrou o Abzu a Anzu, o exaustivo trabalho nas minas lhe mostrou. Enlil convidou Anzu ao Nibru-ki, na sagrada câmara escura lhe deixou entrar.

No mais profundo do santuário, explicou a Anzu as Tabuletas dos Destinos. Mostrou a Anzu o que os Anunnaki estavam fazendo nas cinco cidades; prometeu alívio aos Igigi que chegavam ao Lugar de Aterrissagem.

Voltou depois para o Nibru-ki para discutir as queixa dos Igigi.

Anzu era um príncipe entre os príncipes, de semente real era sua
ascendência; malvados pensamentos encheram seu coração quando voltou para Enlace Céu-Terra.

Estava planejando levar as Tabuletas dos Destinos; em seu coração, estava planejando tomar o controle dos decretos do céu e a Terra.

Concebeu em seu coração arrebatá-las de Enlil. Seu objetivo era governar aos Igigi e aos Anunnaki!

Sem levantar suspeitas, Enlil deixou a Anzu que se instalasse na entrada do santuário. Sem levantar suspeitas, Enlil deixou o santuário, foi tomar um banho refrescante.

Com malvadas intenções, Anzu se apoderou das Tabuletas dos
Destinos; fugiu em uma câmara celeste, foi rapidamente à montanha das câmaras celestes; ali, no Lugar de Aterrissagem, estavam-lhe esperando Igigi rebeldes, estavam-se preparando para declarar a Anzu rei da Terra e do Lahmu!

No santuário do Nibru-ki, o resplendor se desvaneceu, o zumbido se sossegou, o silêncio prevalecia no lugar, as fórmulas sagradas tinham ficado suspensas. No Nibru-ki, Enlil ficou sem palavras; estava afligido pela traição. Palavras furiosas proferiu contra Enki, duvidou da ascendência de Anzu.

Reuniram-se os líderes no Nibru-ki, os Anunnaki que decretam as sortes se consultaram com Anu. Terá que deter o Anzu, as Tabuletas devem voltar para santuário!, decretou Anu.

Quem enfrentará ao rebelde? Quem recuperará as Tabuletas?, perguntavam-se entre si os líderes.

Estando de posse das Tabuletas dos Destinos, Anzu é invencível!,diziam-se uns aos outros.

Ninurta, animado por sua mãe, adiantou-se entre os reunidos: Serei o guerreiro de Enlil, vencerei ao Anzu! Assim falou Ninurta. Ninurta se dirigiu para a ladeira da montanha, comprometeu-se a vencer ao fugitivo Anzu.

Anzu fazia pouco caso de Ninurta do seu esconderijo: As Tabuletas são meu amparo, sou invencível! Dardos relampejantes dirigiu Ninurta ao Anzu; as flechas não puderam aproximar-se de Anzu, voltaram para trás.

A batalha se deteve, as armas de Ninurta não venceriam a Anzu! Então, Enki deu um conselho a Ninurta:

Levanta uma tormenta com você, um Torvelinho, que o rosto de Anzu se cubra de pó, que as asas de seu pássaro celeste encrespem-se!

Enlil forjou uma poderosa arma para seu filho, era um projétil Tillu; sujeita a sua Arma-tormentosa, quando se aproximarem asa com asa, dispara-as contra Anzu!

Assim instruiu Enlil a seu filho Ninurta. Quando se aproximarem asa com asa entre si, deixa que o projétil voe como um raio!

De novo se remontou no céu Ninurta com seu Torvelinho; Anzu se elevou com seu pássaro celeste para lhe fazer frente.

Asa com asa!, gritou Anzu enfurecido. Esta batalha será sua destruição!

Ninurta seguiu o conselho de Enki; com seu Torvelinho criou uma tormenta de pó. O pó cobriu o rosto de Anzu, ficaram ao descoberto os pinhões de seu pássaro celeste; em meio deles, deixou ir Ninurta o projétil, os pinhões de Anzu se viram sumidos em um resplendor de fogo.

Suas asas começaram a bater como as asas de mariposas; Anzu caiu até o chão. A Terra se sacudiu, os céus se obscureceram.

Ninurta fez cativo ao cansado Anzu, dele recuperou as Tabuletas. Os Igigi estavam observando do topo da montanha; quando Ninurta chegou ao Lugar de Aterrissagem, tremeram e lhe beijaram os pés.

Ninurta liberou o cativo Abgal e aos Anunnaki, anunciou sua vitória a Anu e a Enlil. Depois, voltou para o Nibru-ki, e as Tabuletas se reinstalaram na câmara mais profunda. De novo voltou o resplendor ali dentro, restabeleceu-se o zumbido dos ME nas Tabuletas.

Anzu foi submetido a julgamento ante os Sete Que Julgam; Enlil e Ninlil, sua esposa, Enki e sua esposa Ninki, a que anteriormente se conhecia como Damkina, e os filhos Nannar e Marduk estavam ali, Ninmah também estava no julgamento.

Ninurta falou dos malvados atos: Não há justificação, que a morte seja sua pena!, disse.

Os Igigi se queixavam com razão, necessitam de um lugar de descanso na Terra!, Retrucou Marduk em contra.

Por sua malvada ação, Anzu pôs em perigo a todos os Anunnaki e aos Igigi!, disse Enlil.

Enki e Ninmah deram razão a Enlil; o mau deve ser extinto!, disseram. Os sete sentenciaram a Anzu a morte por execução; com um raio mortal foi extinto o fôlego vital de Anzu. Deixem seu corpo aos abutres!, disse Ninurta. Deixem que seja enterrado no Lahmu, que lhe ponha em uma cova junto ao Alalu para seu descanso!, disse Enki. Da mesma semente ancestral eram ambos!

Que Marduk leve seu corpo ao Lahmu, que Marduk fique ali como comandante! Isso sugeriu Enki aos juizes. Assim seja!, disse Enlil.

(Livro de Zecharia Sitchin - Continua)















DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA II



Introdução

Através do véu de todas as alegorias hieráticas e místicas dos antigos dogmas, através das trevas e provas bizarras de todas as iniciações, sob o selo de todas as escrituras sagradas, nas ruínas de Nínive ou Tebas, sobre as pedras carcomidas dos antigos templos e a face escurecida das esfinges da Assíria e do Egito, nas pinturas monstruosas ou maravilhosas que produzem para o crente da Índia e as páginas sagradas dos Vedas, nos emblemas estranhos dos nossos velhos livros de alquimia, nas cerimônias de recepção praticadas por todas as sociedades misteriosas, encontram-se os traços de uma doutrina em toda parte a mesma e em toda parte escondida cuidadosamente. A filosofia oculta parece ter sido a nutriz ou matriz de todas as forças intelectuais, a chave de todas as obscuridades divinas, e a rainha absoluta da sociedade, nos tempos em que era exclusivamente reservada à educação dos padres e dos reis.

Ela reinava na Pérsia com os magos, que um dia pereceram como perecem os senhores do mundo, por terem abusado do seu poder; ela dotara a Índia das tradições mais maravilhosas e de um incrível luxo de poesia, graça e terror nos seus emblemas; ela civilizara a Grécia aos sons da lira de Orfeu; ela escondia o princípio de todas as ciências e de todos os progressos do espírito humano nos cálculos audaciosos de Pitágoras; a fábula estava cheia dos seus milagres, e a história, quando procurava ajuizar sobre esta potência incógnita, se confundia com a fábula; ela abalava ou fortalecia os impérios pelos seus oráculos, fazia empalidecerem os tiranos nos seus tronos e dominava todos os espíritos pela curiosidade ou pelo temor.

A esta ciência, dizia a multidão, nada é impossível; ela manda nos elementos, sabe a linguagem dos astros e dirige a marcha das estrelas; a lua, à sua vez cai ensangüentada do céu; os mortos se endireitam no seu túmulo e articulam com palavras fatais o sopro do vento noturno que sibila nos seus crânios. Senhora do amor ou do ódio, a ciência pode dar à vontade, aos corações humanos, o paraíso ou o inferno; ela dispõe à vontade de todas as forças e distribui a seu bel-prazer a beleza ou a fealdade; ela muda, com a varinha de Circe, os homens em brutos e os animais em homens; ela dispõe até da vida ou da morte, e pode conferir aos seus adeptos a riqueza pela quintessência e seu elixir composto de ouro e luz.

Eis o que fora a magia desde Zoroastro até Manes, desde Orfeu até Apolônio Thyana, quando o cristianismo positivo, triunfando enfim dos belos sonhos e das gigantescas aspirações da escola de Alexandria, ousou fulminar publicamente com seus anátemas esta filosofia, e a reduziu, assim, a ser mais oculta e mais misteriosa que nunca. Aliás, corriam, a respeito dos iniciados ou adeptos, murmúrios estranhos e alarmantes; estes homens em toda parte estavam rodeados de uma influência fatal: matavam ou faziam enlouquecer os que se deixavam arrastar pela sua melíflua eloqüência ou pelo prestígio do seu saber. As mulheres quem amavam tornaram-se estriges, os seus filhos desapareciam nos seus conventículos noturnos, e com estremecimento se falava, em voz baixa, de sangrentas orgias e abomináveis festins.

Tinham sido encontrados ossos nos subterrâneos dos antigos templos, uivos tinham sido ouvidos durante a noite; as searas definhavam e os rebanhos ficavam lânguidos quando o mago tinha passado. Doenças que desafiavam a arte da medicina apareceram, às vezes, no mundo, e era sempre, diziam, sob o olhar envenenado dos adeptos. Enfim, um grito universal de reprovação se elevou contra a magia, de que só o nome se tornou um crime, e o ódio do vulgo se formulou por esta sentença: "Os magos ao Fogo!”, como disseram séculos antes: “Os cristãos aos leões!”

Ora, a multidão nunca conspira senão contra as potências reais; ela não tem a ciência do que é a verdade, mas tem o instinto do que é forte.

Estava reservado ao século XVIII rir-se ao mesmo tempo dos cristãos e da magia, preocupando-se com as homilias de Jean-Jacques e os prestígios de Cagliostro.

Todavia, no fundo da magia há a ciência, como no fundo do cristianismo há o amor; e, nos símbolos evangélicos, vemos o Verbo encarnado ser, na sua infância, adorado por três magos que uma estrela guia (o ternário e o signo do microcosmo), e recebe deles o ouro, o incenso e a mirra: outro ternário misterioso, sob cujo emblema estão contidos alegoricamente os mais elevados segredos da Cabala.

O cristianismo não devia, pois, dedicar ódio à magia; mas a ignorância humana sempre tem medo do desconhecido. A ciência foi obrigada a ocultar-se para escapar às agressões apaixonadas de um amor cego; ela se envolveu em novos hieróglifos, dissimulou seus esforços, disfarçou suas esperanças. Então foi criada a algaravia da alquimia, contínua decepção para o vulgo, alteração de ouro e linguagem viva somente para os verdadeiros discípulos de Hermes.

Coisa singular! Existe entre os livros sagrados dos cristãos, duas obras que a Igreja infalível não tem a pretensão de compreender e nunca tenta explicar: a profecia de Ezequiel e o Apocalipse; duas clavículas cabalísticas, reservadas, sem dúvida, no céu aos comentários dos reis magos; livros fechados com sete selos para os crentes fiéis, e perfeitamente claros para o infiel iniciado nas ciências ocultas.

Um outro livro existe ainda; mas esse, ainda que, de algum modo, seja popular e que possa ser encontrado em toda parte, é o mais oculto e o mais desconhecido de todos, porque contém a chave de todos os outros; está na publicidade sem ser conhecido pelo público; não se pensa encontrá-lo onde está e perderiam muito tempo em procurá-lo onde não está, se desconfiassem da sua existência. Este livro, talvez mais antigo que o de Enoque, nunca foi traduzido, e é inteiramente escrito em caracteres primitivos e em páginas separadas com as tabuletas dos antigos.

Um sábio distinto revelou, sem que o tenham notado, não precisamente seu segredo, mas a sua antiguidade e singular conservação; um outro sábio, porém de espírito mais fantástico do que judicioso, passou trinta anos a estudar esse livro, e somente suspeitou da sua importância. É, com efeito, uma obra monumental e singular, simples e forte como as pirâmides, e, por conseguinte, duradoura como elas; livro que resume todas as ciências e cujas combinações infinitas podem resolver todos os problemas; livro que fala fazendo pensar; inspirador e regulador de todas as concepções possíveis; talvez a obra-prima do espírito humano e, certamente, uma das mais belas coisas que a antiguidade nos deixou; clavículas universais, cujo nome só foi compreendido e explicado pelo sábio iluminado Guilherme Postello; texto único, do qual somente os primeiros caracteres arrebataram o espírito religioso de Saint-Martin e teriam dado a razão ao sublime e infeliz Swedenborg. Mais tarde falaremos desse livro, e a sua explicação matemática e rigorosa será o complemento e a coroa do nosso consciencioso trabalho.

A aliança original do cristianismo e da ciência dos magos se for bem demonstrada, não será uma descoberta de medíocre importância, e não duvidamos que o resultado de um estudo sério da magia e da Cabala leve os espíritos sérios à conciliação, considerada até agora como impossível, da ciência e do dogma, da razão e da fé.

Dissemos que a Igreja, cujo atributo principal é ser depositária das chaves, não pretende ter as do Apocalipse ou das visões de Ezequiel. Para os cristãos e na sua opinião, as clavículas científicas e mágicas de Salomão estão perdidas. Todavia, é certo que, no domínio da inteligência governada pelo Verbo, nada se perde do que é escrito. Somente as coisas que os homens cessam de entender não existem mais para eles, ao menos como verbo; elas entram, então, no domínio dos enigmas e do mistério.

Aliás, a antipatia e até a guerra declarada da Igreja oficial contra tudo o que entra no domínio da magia, que é uma espécie de sacerdócio pessoal e emancipado, provêm de causas necessárias e até inerentes à constituição social e hierárquica do sacerdócio cristão. A Igreja ignora a magia, porque deve ignorá-la ou perecer, como nós o provaremos mais tarde; ela nem ao menos reconhece que o seu misterioso fundador foi saudado no seu berço por três magos, isto é, pelos embaixadores hieráticos das três partes do mundo conhecido, e dos três mundos analógicos da filosofia oculta.

Na Escola de Alexandria, a magia e o cristianismo quase que se dão a mão, sob os auspícios de Ammonio Saccas e Platão. O dogma de Hermes se acha quase inteiro nos escritos atribuídos a Diniz, o Areopagita. Sinésio traça o plano de um tratado dos sonhos, que mais tarde, devia ser comentado por Cardan, e compõe hinos que poderiam servir à liturgia da igreja de Swedenborg, se uma igreja de iluminados pudesse ter uma liturgia. É também a esta época de abstrações ardentes e logomaquias apaixonadas que é preciso reatar o reino filosófico de Juliano, denominado o Apóstata, porque na mocidade fizera contra a vontade, profissão do Cristianismo.

Todos sabem que Juliano teve a desdita de ser um herói de Plutarco fora de tempo, e foi, se é permitido falar assim, o Dom Quixote da cavalaria romana; mas o que todos não sabem é que Juliano era um iluminado e um iniciado de primeira ordem; é que ele acreditava na unidade de Deus e no dogma universal da Trindade; numa palavra, é que ele, de nada mais do velho mundo tinha saudade, a não ser dos seus magníficos símbolos e das suas muito graciosas imagens.

Juliano não era um pagão, era um gnóstico imbuído de alegorias do politeísmo grego e que tinha a infelicidade de achar o nome de Jesus Cristo menos sonoro que o de Orfeu. Nele, o imperador pagou pelos gostos do filósofo e do retórico, e depois que deu a si próprio o espetáculo e o prazer de expirar como Epaminondas, com frases de Catão, teve, na opinião pública, já inteiramente cristã, anátemas por oração fúnebre e um epíteto infamante por última celebridade.

Passemos por cima das pequenas coisas e dos pequenos homens do Baixo Império e chegamos à Idade Média... Tomai, pegai este livro: lede na sétima página, depois assentai-vos no manto que vou estender e de que poremos uma ponta sobre os nossos olhos... A vossa cabeça gira, não é verdade, e vos parece que a terra foge debaixo de vossos pés? Ficai forme e não olheis. A vertigem cessa; chegamos. Levantai-vos e abri os olhos, mas deixai de fazer qualquer sinal e de falar qualquer palavra de cristianismo. Estamos numa paisagem de Salvator Rosa. É um deserto atormentado que parece repousar depois da tempestade. A lua não aparece mais no céu; não vedes, porém, as estrelas dançarem no tojal? Não ouvis voarem, ao redor de vós, pássaros gigantescos que, ao passar, parecem murmurar palavras estranhas? Aproximemo-nos em silêncio desta encruzilhada nos rochedos. Uma rouca e fúnebre trombeta se faz ouvir; tochas pretas estão acesas em todos os lados.

Uma assembléia tumultuosa se aperta ao redor de uma cadeira vazia; olham e esperam. Imediatamente, todos se prosternam e murmuram: “Ei-lo! ei-lo! é ele!” Um príncipe de cabeça de bode chega, pulando; sobre o trono; volta-se e, abaixando-se, apresenta à assembléia uma figura humana a quem todos vêm, com uma vela preta na mão, fazer saudação e dar um beijo; depois ele se endireita com um riso estridente e distribui ouro, instruções secretas, medicinas ocultas e venenos. Durante este tempo são acesos fogos, o pau de aulno e feto são queimados juntos com ossos humanos e a banha de supliciados. Druidisas coroadas de aipo silvestre e verbena sacrificam com foicinhas de ouro crianças subtraídas ao batismo e preparam horríveis ágapes. As mesas estão postas: os homens mascarados se colocam ao lado das mulheres seminuas, e começa-se o festim das bacanais; nada falta, exceto o sal, que é o símbolo da sabedoria e da imortalidade. O vinho corre em borbotões, e deixa manchas semelhantes às do sangue; os propósitos obscenos e as loucas carícias começam; eis que toda a assembléia está cheia de vinho, crimes, luxúria e canções; levantam-se em desordem e correm a formar as rodas infernais...

Chegam, então, todos os monstros da lenda, todos os fantasmas do pesadelo; enormes sapos embocam a flauta às avessas, e sopram apertando as coxas com os pés; escarabeus coxos entram na dança, caranguejos tocam castanholas; crocodilos fazem berimbaus das suas escamas, elefantes e mamutes chegam vestidos em forma de Cupido e levantam as pernas dançando. Depois, as rodas fora de si, se rompem e se dispersam... Cada dançador arrasta, uivando, uma dançadora desgrenhada... As lâmpadas e candeias de sebo humano se extinguem, esfumaçando na sombra ... Ouvem-se cá e acolá gritos, gargalhadas, blasfêmias e despropósitos... Vamos, acordai-vos e não façais o sinal da cruz: eu vos trouxe à vossa casa e estais no vosso leito. Estais um pouco fatigados, um pouco impressionado até, pela vossa viagem e vossa noite; mas vistes uma coisa de que todos falam sem conhecer; sois iniciado em segredos terríveis como os do antro de Trofônio: assististes do Sabbat! Resta-vos agora, não ficar louco, e manter-vos, num temor salutar da justiça, a uma distância respeitosa da Igreja e das suas fogueiras!

Quereis ver ainda alguma coisa menos fantástica, mais real e até verdadeiramente mais terrível? Eu vos farei assistir ao suplício de Jacques de Molay e dos seus cúmplices ou dos seus irmãos no martírio... Mas, não vos enganeis e não confundais o culpado com o inocente! Os templários adoram realmente Baphomet? Deram um beijo humilhante na face posterior do bode de Mendes? Qual era, pois, esta associação secreta e poderosa que pôs em perigo a Igreja e o Estado, e que matam sem ouvi-la? Nada julgueis levianamente: são culpados de um grande crime: deixaram os profanos verem o santuário da antiga iniciação; colheram ainda uma vez e repartiram entre si, para tornarem-se, assim, senhores do mundo, os frutos da ciência do bem e do mal. A sentença que os condena vem do mais alto que do próprio tribunal do papa ou de Rei Filipe, o Belo. “Desde o dia em que comeres deste fruto, serás ferido de morte”, tinha dito o próprio Deus, como veremos no livro do Gênese.

Que é que se passa, pois, no mundo, e por que os padres e reis tremeram? Que poder secreto ameaça as tiaras e coroas? Eis aqui alguns loucos que correm de país em país, e que escondem, dizem eles, a pedra filosofal sob os restos da sua miséria. Podem mudar a terra em ouro e falta-lhes asilo e pão! A sua fronte é cingida por uma auréola de glória e um reflexo de ignomínia! Um achou a ciência universal, e não sabe como morrer para escapar às torturas do seu triunfo: é o Majorcano Raimundo Lullo. Outro cura com remédios fantásticos as doenças imaginárias e dá adiantadamente um desmentido formal ao provérbio que estabelece a ineficácia de um cautério numa perna de pau: é o maravilhoso Paracelso, sempre bêbado e sempre lúcido como os heróis de Rabelais.

Aqui, é Guilherme Postello, que escreveu ingenuamente aos padres do concílio de Trento, porque achou a doutrina absoluta, escondida desde o começo do mundo, e que ele demora em fazer-lhes participar. O concílio nem mesmo se inquieta do louco, não se digna condená-lo, e passa ao exame das graves questões da graça eficaz e da graça suficiente. Aquele que vemos morrer pobre e abandonado é Cornélio Agrippa, o menos mágico de todos, e aquele que o vulgo se obstina em tomar pelo mais feiticeiro, porque, às vezes, era satírico e mistificador. Que segredo, pois, todos estes homens levam ao seu túmulo? Por que os admiram, sem os conhecer? E por que são eles iniciados nessas terríveis ciências ocultas de que a Igreja e a sociedade têm medo? Por que sabem o que os outros homens ignoram? Por que dissimulam o que cada qual tem desejo ardente de saber?

Por que estão investidos de um terrível e desconhecido poder? As ciências ocultas! A magia!

Eis aí duas palavras que vos dizem tudo o que podem vos fazer pensar ainda mais! De omni re scibili et quibusdam aliis.

Que era, pois, a magia? Qual era, pois, o poder destes homens tão perseguidos e tão altivos? Por que, se eram tão fortes, não foram vencedores dos seus inimigos? Por que, se eram insensatos e fracos, lhes faziam a honra de os temer tanto? Existe uma magia, existe uma ciência oculta que seja verdadeiramente um poder e que opere prodígios capazes de fazer concorrência aos milagres das religiões autorizadas?

A estas duas perguntas principais responderemos com uma palavra e por um livro. O livro será a justificação da palavra, e esta palavra ei-la: sim, existiu e existe ainda uma magia poderosa e real; sim, tudo o que as lendas disseram era verdade; somente que aqui, e ao contrário do que de ordinário acontece, as exagerações populares não só estavam afastadas, como também abaixo da verdade.

Sim, existe um segredo formidável, cuja revelação já derrubou um mundo, como o atestam as tradições religiosas do Egito, resumidas simbolicamente por Moisés, no começo do Gênese. Este segredo constitui a ciência fatal do bem e do mal, e o seu resultado, quando é divulgado, é a morte. Moisés o representa sob a figura de uma árvore que está no centro do Paraíso terrestre, e que está perto, e até ligada pelas suas raízes à árvore da vida; os quatro rios misteriosos têm a sua fonte ao pé desta árvore, que é guardada pela espada de fogo e pelas quatro formas da esfinge bíblica, o Querubim de Ezequiel... Aqui devo parar; temo já ter falado demais.

Sim, existe um dogma único, universal e imperecível, forte como a razão humana, simples como tudo o que é grande, inteligível como tudo o que é universal e absolutamente verdadeiro, e este dogma foi o pai de todos os outros.

Sim, existe uma ciência que confere ao homem prerrogativas em aparência sobre-humanas; ei-las tal como as acho enumeradas num manuscrito hebreu do século XVI:

"Eis aqui, agora, quais são os privilégios e poderes daquele que tem na sua mão direita as clavículas de Salomão e na esquerda o ramo de amendoeira florida:”

א Aleph - Vê Deus face a face, sem morrer, e conversa familiarmente com o sete gênios que mandam em Toda a milícia celeste.

ב Beth - Está acima de todas as aflições e de todos os temores.

ג Ghimel - Reina com o céu inteiro e se faz servir por todo o inferno.

ד Daleth - Dispõe da sua saúde e da sua vida e pode também dispor das dos outros.

ה Hê - Não pode ser surpreendido pelo infortúnio, nem atormentado pelos desastres, nem vencido pelos inimigos.

ו Vav - Sabe a razão do passado, do presente e do futuro.

ז Zain - Tem o segredo da ressurreição dos mortos e a chave da imortalidade.

São estes os sete grandes privilégios. Eis os que seguem depois:

ח Cheth - Achar a pedra filosofal.

ט Teth - Ter a medicina universal.

י Iod - Conhecer as leis do movimento perpétuo e poder demonstrar a quadratura do círculo.

כ Caph - Mudar em ouro não só todos os metais, mas também a própria terra, e até as imundícies terra.

ל Lamed - Dominar os animais mais ferozes, e saber dizer palavras que adormecem e encantam serpentes.

מ Mem - Possuir a arte notória que dá a ciência universal.

נ Nun - Falar sabiamente sobre todas as coisas, sem preparação e sem estudo.


Eis aqui, enfim, os sete menores poderes do mago:

ס Samech - Conhecer à primeira vista e fundo da alma dos homens e os mistérios do coração das mulheres.

ע Hain - Forçar, quando lhe apraz, a natureza a manifestar-se.

פ Phe - Prever todos os acontecimentos futuros que não dependam em um livre-arbítrio superior ou de uma causa incompreensível.

צ Tsade - Dar de momento e a todos as consolações mais eficazes e os conselhos mais salutares.

ק Coph - Triunfar das adversidades.

ר Resch - Dominar o amor e o ódio.

ש Schin - Ter o segredo das riquezas, serem sempre seu senhor e nunca o escravo. Saber gozar mesmo da pobreza e jamais cair na abjeção nem na miséria.

ת Thau - Acrescentaremos a estes setenários, que o sábio governa os elementos, faz cessar as tempestades, cura os doentes, tocando-os, e ressuscita os mortos!

Mas há coisas que Salomão selou com o seu tríplice selo. Os iniciados sabem, basta. Quanto aos outros, que riam, creiam, duvidem, ameacem ou tenham medo, que importa à ciência e que nos importa?

Tais são, com efeito, os resultados da filosofia oculta, e estamos em condições de não temer uma acusação de loucura ou uma desconfiança de charlatanismo, afirmando que todos estes privilégios são reais. É o que o nosso trabalho inteiro sobre a filosofia oculta terá por fim demonstrar.

A pedra filosofal, a medicina universal, a transmutação dos metais, a quadratura do círculo e o segredo do movimento perpétuo, não são, pois, nem mistificações da ciência nem ilusões de loucura; são termos que se devem entender no seu verdadeiro sentido, e que exprimem os diferentes empregos de um mesmo segredo, os diferentes caracteres de uma mesma operação que definimos de um modo mais geral, chamando-a somente a grande obra.

Existe também, na natureza, uma força muito mais poderosa que o vapor, e por meio da qual um só homem que pudesse apoderar-se dela e soubesse dirigi-la, transformaria e mudaria a face do mundo. Esta força era conhecida pelos antigos; ela consiste num agente universal, cuja lei suprema é o equilíbrio e cuja direção está diretamente ligada com o grande arcano de magia transcendente. Pela direção deste agente pode-se mudar até a ordem das estações, produzir à noite os fenômenos do dia, corresponder num instante de uma extremidade à outra da Terra, ver como Apolônio o que se passa no outro lado do mundo, curar ou ferir a distância, dar à palavra sucesso e repercussão universais. Este agente que apenas se revela sob as pesquisas dos discípulos de Mesmer, é precisamente o que os adeptos da Idade Média chamavam a matéria-prima da grande obra. Os gnósticos faziam dele o corpo ígneo do Espírito Santo, e era ele que era adorado nos ritos do Sabbat ou do templo, sob a figura hieroglífica de Baphomet ou do bode Andrógino de Mendes. Tudo isto será demonstrado.

Tais são os segredos da filosofia oculta, tal nos aparece na história da magia; vejamo-la, agora, nos livros, nas obras, nas iniciações e nos ritos.

A chave de todas as alegorias mágicas se acha nas folhas que mencionamos, e que cremos ser obra de Hermes. Ao redor deste livro, que se pode chamar a chave de arco de todo o edifício das ciências ocultas, vem se ordenar inúmeras lendas que são ou a sua tradução parcial ou o seu comentário renovado incessantemente, sob mil formas diferentes. Às vezes, essas fábulas engenhosas se agrupam harmoniosamente e formam uma grande epopéia que caracteriza uma época, sem que a multidão possa explicar o como ou o porquê. É assim que a história fabulosa do Tosão de Ouro resume, ocultando-os, os dogmas herméticos e mágicos de Orfeu, e se só remontamos às poesias misteriosas da Grécia, é que os santuários do Egito e da Índia nos espantam de algum modo pelo seu luxo, e nos deixam embaraçados na escolha, no meio de tantas riquezas; depois nos faz tardar na chegada da Tebaida, esta admirável síntese de todo o dogma presente, passado e futuro, esta fábula, por assim dizer, infinita, que toca, como ao Deus de Orfeu, nas duas extremidades do ciclo da vida humana. Coisa estranha!

As sete portas de Tebas, defendidas por sete chefes que juraram pelo sangue das vítimas, têm o mesmo sentido que os sete selos do livro sagrado explicado por sete gênios, e atacado por um monstro de sete cabeças, depois de ter sido aberto por um cordeiro vivente e imolado no livro alegórico de São João! A origem misteriosa de Édipo, que foi achado suspenso como um fruto ensangüentado numa árvore de Cytheron lembra os símbolos de Moisés e os contos do Gênese. Ele luta contra seu pai e o mata sem o conhecer: espantosa profecia da emancipação cega da razão sem a ciência; depois chega diante da esfinge!

A esfinge, o símbolo dos símbolos, o enigma eterno do vulgo, o pedestal de granito da ciência dos Sábios, o monstro devorador e silencioso que exprime, pela sua forma invariável, o dogma único do grande mistério universal. Como o quaternário se muda em binário e se explica pelo ternário? Em outros termos mais enigmáticos e mais vulgares, qual é o animal que de manhã tem quatro pés, dois ao meio-dia, e três à tarde? Filosoficamente falando, como o dogma das forças elementares produz o dualismo de Zoroastro e se resume pela tríade de Pitágoras e Platão? Qual é a razão última das alegorias e dos números, a última palavra de todos os simbolismos?Édipo responde com uma palavra simples e terrível que mata a esfinge e vai fazer do adivinhador rei de Tebas; a palavra do enigma é o homem!... Infeliz, viu muito, porém não tão claro, e logo expiará a sua funesta e incompleta clarividência por uma cegueira voluntária, depois desaparecerá no meio de uma tempestade como todas as civilizações que adivinharam um dia, sem compreender todo o seu valor e todo o seu mistério, a palavra do enigma da esfinge.

Tudo é simbólico e transcendental nesta gigantesca epopéia dos destinos humanos. Os dois irmãos inimigos exprimem a segunda parte do grande mistério completo divinamente pelo sacrifício de Antígona; depois da guerra, a última guerra, os irmãos inimigos mortos um pelo outro. Capaneu morto pelo raio que desafiava, Aphiraus devorado pela terra, são tantas alegorias que enchem de admiração, pela sua verdade e sua grandeza, os que penetram o seu tríplice sentido hierático. Ésquilo, comentado por Ballanche, dá uma bem fraca idéia delas, sejam quais forem as majestades primitivas da poesia de Ésquilo e o belo do livro de Ballanche.

O livro secreto da antiga iniciação não era ignorado por Homero, que traça o seu plano e as principais figuras no século de Aquiles, com minuciosa exatidão. Mas as graciosas ficções de Homero parecem fazer esquecer logo as simples e abstratas verdades da revelação primitiva. O homem prende-se à forma e deixa em esquecimento a idéia; os sinais, multiplicando-se, perdem o seu poder; a magia também, nesta época, se corrompe e vai descer, com os feiticeiros da Tessália, aos mais profanos encantamentos. O crime de Édipo trouxe seus frutos de morte, e a ciência do bem e do mal erige o mal em divindade sacrílega. Os homens, fatigados da luz, se refugiam na sombra da substância corpórea: o sonho do vácuo que Deus enche, logo lhes parece maior que o próprio Deus, e o inferno foi criado.

Quando, no curso desta obra, nós nos servimos das palavras consagradas Deus, Céu, Inferno, saiba-se bem, uma vez por todas, que nós nos afastamos tanto do sentido dado a essas palavras pelos profanos, como a iniciação está separada do pensamento vulgar. Deus, para nós, é o Azoth dos sábios, o princípio eficiente e final da grande obra. Explicaremos mais tarde o que estes termos têm de obscuros.

Voltemos à fábula de Édipo. O crime do rei de Tebas não é de ter compreendido a esfinge, é de ter destruído o flagelo de Tebas, sem ser assaz puro para completar a expiação em nome do seu povo; por isso, logo a peste vinga a morte da esfinge, e o rei de Tebas, forçado a abdicar, sacrifica-se aos manes terríveis do monstro, que está mais vivo e mais devorador do que nunca, agora que passou do domínio da forma ao da idéia. Édipo viu o que é o homem, e arranca os seus olhos para não ver o que é Deus. Divulgou a metade do grande arcano mágico, e para salvar seu povo, é preciso que leve consigo ao exílio e ao túmulo a outra metade do terrível segredo.

Depois da fábula colossal de Édipo, encontramos o gracioso poema de Psiquê, de que Apuleio certamente não é o inventor. O grande arcano mágico reaparece, aqui, sob a figura da união misteriosa entre um deus e uma fraca mortal abandonada, sozinha e nua, num rochedo. Psiquê deve ignorar o segredo da sua beleza ideal, e se olhar para o seu esposo, ela o perderá. Apuleio comenta e interpreta aqui as alegorias de Moisés; mas os Elohim de Israel e os deuses de Apuleio não saíram igualmente dos santuários de Mênfis e de Tebas? Psiquê é a irmã de Eva, ou antes, é Eva espiritualizada. Todas as duas querem saber, e perdem a inocência para ganhar a honra da prova. Ambas merecem descer aos infernos, uma para levar a antiga caixinha de Pandora, a outra para procurar esmagar a cabeça da antiga serpente, que é o símbolo do tempo e do mal. Ambas cometem o crime que deve ser expiado pelo Prometeu dos tempos antigos e o Lúcifer da lenda cristã, um libertado, outro submetido por Hércules e pelo Salvador.

O grande segredo mágico é, pois, a lâmpada e o punhal de Psiquê, é o pomo de Eva, é o fogo sagrado roubado por Prometeu, é o cetro ardente de Lúcifer, mas é também a cruz santa do Redentor. Sabê-lo bastante para abusar dele ou divulgá-lo, é merecer todos os suplícios; sabê-lo como se deve saber para servir-se dele e ocultá-lo, é ser senhor do absoluto.

Tudo está contido numa palavra e numa palavra de quatro letras: é o Tetragrama dos Hebreus, e o Azot dos alquimistas, é o Thot dos Boêmios e o Tarô do Cabalistas. Esta palavra expressa de tantos modos, quer dizer Deus para os profanos, significa o homem para os filósofos, e dá aos adeptos a última palavra às ciências humanas e a chave do poder divino; mas só sabe servir-se dela aquele que compreende a necessidade de a não revelar nunca. Se Édipo, em lugar de fazer morrer a esfinge, a tivesse dominado e atrelado ao seu carro para entrar em Tebas, teria sido o rei sem incesto, sem calamidade e sem exílio. Se Psique, à força de submissão e carícias, tivesse induzido o Amor a revelar a si próprio, ela nunca o teria perdido. O Amor é uma das imagens mitológicas do grande segredo e do grande agente, porque exprime, ao mesmo tempo, uma ação e uma paixão, um vácuo e uma plenitude, uma flecha e uma e uma ferida. Os iniciados devem compreender-me, e, por causa dos profanos, não devo dizer muito.

Depois do maravilhoso asno de ouro de Apuleio, não achamos epopéias mágicas. A ciência, vencida em Alexandria pelo fanatismo dos assassinos de Hipatia, se faz cristã, ou antes, se oculta sob véus cristãos com Amônios, Sinésio e o pseudo-autor dos livros de Diniz, o Areopagita. Era preciso, naquele tempo, fazer perdoar os seus milagres pelas aparências da superstição, e a sua ciência por uma linguagem ininteligível. Ressuscitaram a escrita hieroglífica e inventaram os pantáculos e caracteres que resumem uma doutrina inteira num sinal, uma série inteira de tendências e revelações numa palavra. Qual era o fim dos aspirantes à ciência? Procuravam o segredo da grande obra, a pedra filosofal, o movimento perpétuo, a quadratura do círculo, ou a medicina universal, fórmulas que, muitas vezes, os salvava da perseguição e do ódio, fazendo-os tachar de loucura, e todas as quais exprimiam uma das faces do grande segredo mágico, como demonstraremos mais tarde. Esta falta de epopéias dura até o nosso romance da Rosa; mas o símbolo da rosa, que exprime também o sentido misterioso e mágico do poema de Dante, é tirado da alta Cabala, e é tempo de entrarmos nesta fonte imensa e oculta da filosofia universal.

A Bíblia, com todas as alegorias que contém, só exprime de um modo incompleto e obscuro a ciência religiosa dos Hebreus. O livro de que falamos e cujos caracteres hieráticos explicaremos, este livro que Guilherme Postello chama o Gênese de Henoque, existia certamente antes de Moisés e dos profetas, cujo dogma, fundamentalmente idêntico aos dos antigos Egípcios, tinha também seu esoterismo e seus véus. Quando Moisés falava ao povo, diz alegoricamente o livro sagrado, punha um véu na sua cabeça, e tirava este véu para falar a Deus: tal é a causa das pretensas absurdidades da Bíblia, que tanto exercitaram a verve satírica de Voltaire. Os livros eram escritos para lembrar a tradição, e escreviam-nos em símbolos ininteligíveis para os profanos. Aliás, o Pentateuco e as poesias dos profetas eram somente livros elementares, quer de dogma, quer de moral, quer de liturgia: a verdadeira filosofia secreta e tradicional só foi escrita mais tarde, debaixo de véus ainda menos transparentes.

É assim que nasceu uma segunda Bíblia desconhecida, ou antes não entendida pelos cristãos; uma compilação, dizem eles,de numerosas absurdidades (e aqui os crentes, confundidos numa idêntica ignorância, falam como os incrédulos): um monumento, dizemos nós, que reúne tudo o que o gênio filosófico e o gênio religioso jamais fizeram o imaginaram de sublime; tesouro rodeado de espinhos, diamante escondido numa pedra bruta e obscura; os nossos leitores já terão adivinhado que queremos falar do Talmude.

Estranho destino o dos judeus! Os bodes emissários, os mártires e os salvadores do mundo! Família vivaz, raça corajosa e dura, que as perseguições sempre conservaram intacta, por que ainda não realizou sua missão! As nossas tradições apostólicas não dizem que, depois do declínio da fé entre os gentios, a salvação virá da casa de Jacó, e que então o Judeu crucificado, que os cristãos adoraram, porá o império do mundo entre as mãos de Deus seu Pai?

Ficamos cheios de admiração, ao penetrar no santuário da Cabala, à vista de um dogma tão lógico, tão simples e, ao mesmo tempo, tão absoluto. A união necessária das idéias e dos sinais; a consagração das realidades mais fundamentais por caracteres primitivos; a trindade das palavras, das letras e dos números; uma filosofia simples como o alfabeto, profunda e infinita como o Verbo; teoremas mais completos e mais luminosos que os de Pitágoras; uma teologia que se resume contando pelos dedos; um infinito que se pode fazer conter na cova da mão de uma criança; dez algarismos e vinte e duas letras, um triângulo, um quadrado e um círculo: eis todos os elementos da Cabala. São os princípios elementares do Verbo escrito, reflexo deste Verbo falado que criou o mundo!

Todas as religiões verdadeiramente dogmáticas saíram da Cabala e voltam a ela; tudo o que há de científico e grandioso nos sonhos religiosos de todos os iluminados, Jacob Boheme, Swedenborg, Saint-Martin, etc., é tirado da Cabala; todas as associações maçônicas lhe devem os seus segredos e seus símbolos. Só a Cabala consagra a aliança da razão universal e do Verbo divino; ela estabelece, pelo contrapeso das duas forças em aparência opostas, a balança eterna do ente; só ela concilia a razão com a fé, o poder com a liberdade, a ciência com o mistério: ela tem a chave do presente, do passado e do futuro!

Para iniciar-se na Cabala, não basta ler e meditar os escritos de Reuchlin, Galatino, Kircher e Pico de Mirandola; é preciso ainda estudar e entender os escritores hebreus da coleção de Pistório, principalmente o Sepher Yetzirah, depois a filosofia de amor, de Leão Hebreu. É preciso também estudar o grande livro de Zohar, ler atentamente, na coleção de 1684, intitulada Kabbala Denudata o trabalho da pneumática cabalística e da revolução das almas; depois entrar ousada e corajosamente nas luminosas trevas do corpo dogmático e alegórico do Talmude. Então se poderá entender Guilherme Postello, e confessar em voz baixa que, pondo de parte os seus sonhos bem prematuros e muito generosos da emancipação da mulher(*), este célebre e sábio iluminado podia não ser tão louco como o pretendem os que o não leram.

Acabamos de esboçar rapidamente a história da filosofia oculta, indicamos as suas fontes e analisamos, em poucas palavras, os seus principais livros. Este trabalho só se refere à ciência; mas a magia, ou antes o poder mágico, se compõe de duas coisas: uma ciência e uma força. Sem a força, a ciência nada é, ou antes, é um perigo. Dar à ciência só a forma, tal é a lei suprema das iniciações. Por isso, o grande revelador disse: O reino de Deus sofre violência e são os violentos que o arrebatam. A porta da verdade está fechada como o santuário de uma virgem; é preciso ser um homem para entrar. Todos os milagres são prometidos à fé; mas que é a fé, senão ousadia de uma vontade que não hesita nas trevas e caminha para a luz através de todas as provações e vendendo todos os obstáculos?

Não repetiremos aqui a história das antigas iniciações; quanto mais eram perigosas e terríveis, tanto mais tinham eficácia; por isso, o mundo tinha, então, homens para governá-lo e instruí-lo. A arte sacerdotal e a arte real consistiam principalmente nas provas de coragem, da discrição e da vontade. Era um noviciado semelhante ao destes padres tão impopulares nos nossos dias, sob o nome de Jesuítas, que ainda governariam o mundo se tivessem ma cabeça verdadeiramente inteligente e sábia. Depois de ter passado a nossa vida na investigação do absoluto em religião, ciência e justiça; depois de ter girado no círculo de Fausto, chegamos ao primeiro dogma e ao primeiro livro da humanidade. Aí paramos, aí achamos o segredo de onipotência humana e progresso indefinido, a chave de todos os simbolismos, o primeiro e o último de todos os dogmas. E entendemos o que querem dizer estas palavras muitas vezes repetidas no Evangelho: o reino de Deus.

Dar um ponto fixo para apoio à atividade humana é resolver o problema de Arquimedes, realizando o emprego da sua famosa alavanca. É o que fizeram os grandes iniciadores que deram abalos no mundo, e só puderam fazê-lo por meio do grande e incomunicável segredo. Aliás, para garantia da sua nova juventude, a fênix simbólica só reapareceria aos olhos do mundo depois de ter consumido solenemente os restos e as provas da sua vida anterior. É assim que Moisés faz morrer no deserto todos os que teriam conhecido o Egito e seus mistérios; é assim que São Paulo, em Éfeso, queima todos os livros que tratavam de ciências ocultas; é assim, enfim, que a revolução francesa, filha do grande Oriente de Johannita e da cinza dos Templários, espolia as igrejas e blasfema contra as alegorias do culto divino. Mas todos os dogmas e todos os renascimentos proscrevem a magia e votam seus mistérios ao fogo ou ao esquecimento. É que todo culto ou toda filosofia que vem ao mundo é um Benjamim da humanidade que só pode viver dando a morte à sua mãe; é que a serpente simbólica gira sempre devorando a sua cauda; é que é preciso, para sua razão de ser, a toda plenitude um vácuo, a toda grandeza um espaço, a toda afirmação uma negação; é a realização eterna da alegoria da fênix.

Dois sábios ilustres já me precederam no caminho que sugo, mas, por assim dizer, passaram nele à noite e sem luz. Quero falar de Volney e Dupuis, principalmente de Dupuis, cuja imensa erudição só pode produzir uma obra negativa. Ele viu na origem de todos os cultos a astronomia, tomando assim o Ciclo simbólico pelo dogma, e o calendário pelas lendas. Um único conhecimento lhe faltava, o da verdadeira magia, que contém os segredos da Cabala. Dupuis passou nos antigos santuários como o profeta Ezequiel na planície coberta de ossos, e só compreendeu a morte, por não saber a palavra que reúne a virtude dos quatro ventos do céu, e que pode fazer um povo vivo deste imenso ossuário, exclamando aos antigos símbolos: Levantai-vos, revesti uma nova forma e caminhai.

O que ninguém, pois, pode ou ousou fazer antes de nós, chegou o tempo em que teremos a ousadia de ensaiar. Queremos como Juliano, reconstruir o templo, e nisso não cremos dar um desmentido a uma sabedoria que adoramos, e que o próprio Juliano teria sido signo de adorar, se os doutores odiosos e fanáticos do seu tempo lhe tivessem permitido compreendê-la. O templo, para nós, tem duas colunas, em uma das quais o cristianismo escreveu o seu nome. Não queremos, pois, atacar o cristianismo; longe disso, queremos explicá-lo e realiza-lo. A inteligência e a vontade, exerceram alternativamente o poder no mundo; a religião e a filosofia lutam ainda nos nossos dias e devem acabar por concordar-se.

O cristianismo teve, por fim provisório, estabelecer, pela obediência e a fé, uma igualdade sobrenatural ou religiosa entre os homens, e imobilizar a inteligência pela fé, a fim de dar um ponto de apoio à virtude que vinha destruir a aristocracia da ciência, ou antes substituir esta aristocracia, já destruída. A filosofia, pelo contrário, trabalhou para fazer os homens voltarem pela liberdade e a razão à desigualdade natural, e para substituir, fundando o reino da indústria, a habilidade à virtude. Nenhuma dessas duas ações foi completa ou suficiente, nenhuma conduziu os homens à perfeição e à felicidade. O que sonha agora, sem quase ousar espera-lo, é uma aliança entre estas duas forças por muito tempo consideradas como contrárias, e temos razão de desejar esta aliança: porque as duas grandes potências da alma humana não são mais opostas uma à outra do que o sexo do homem é oposto ao da mulher; sem dúvida, elas são diferentes, mas as suas disposições, em aparência contrárias, só vêm da sua aptidão a encontrarem-se e a unirem-se.

- Não se trata nada menos do que de uma solução universal de todos os problemas?

Sem dúvida, pois que se trata de explicar a pedra filosofal, o movimento perpétuo, o segredo da grande obra e a medicina universal. Tachar-nos-ão de louco como ao divino Paracelso, ou de charlatão como ao grande e infeliz Agrippa. Se a fogueira de Urbano Grandier está extinta, restam as surdas proscrições do silêncio ou da calúnia. Nós não as desafiamos, mas nos resignamos a elas. Não procuramos por nós mesmos a publicação desta obra e cremos que, se chegou o tempo de produzir-se a palavra, ela se produzirá por si mesma, por nós ou por outros. Ficaremos, pois, calmos e esperaremos.

A nossa obra tem duas partes: numa, estabelecemos o dogma cabalístico e mágico na sua totalidade; a outra é consagrada ao culto, isto é, à magia cerimonial. Uma é o que os antigos sábios chamavam a clavícula; a outra, o que as pessoas do campo chamam ainda hoje o engrimanço. O número e o assunto dos capítulos, que se correspondem nas duas partes, nada têm de arbitrário, e se achavam indicados na grande clavícula universal de que damos, pela primeira vez, uma explicação completa e satisfatória. Agora, que esta obra vá aonde quiser e venha a ser o que a Providência quiser. Ela está feita, e a cremos durável, porque é forte como tudo o que é razoável e consciencioso.

(Livro de Eliphas Lévi)